Análise Política: O “mensalão” e a “justiça” incompleta

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Brasília, segunda-feira, 18 de novembro de 2013 - 17:43

OPINIÃO

Análise Política: O “mensalão” e a “justiça” incompleta


Por: Marcos Verlaine*

Mas esperem aí, que justiça é essa que acelerou como pode a Ação Penal 470 e deixou de lado o mensalão mineiro e o mensalão do DEM, em Brasília, no governo Arruda (2006)?

reprodução
Véspera de feriado da Proclamação da República, dia ideal para anunciar a expiação, os réus do chamado "mensalão", condenados pelo Supremo, tiveram suas prisões decretadas. A partir daí este foi e está sendo o assunto de toda a mídia corporativa.

Finalmente a sentença, que anos antes já havia sido decretada pela mídia, agora em frenesi, é anunciada com pompa e circunstância e colocada em prática para saciar os setores derrotados nas últimas eleições.

Mas esperem aí, que justiça é essa que acelerou como pode a Ação Penal 470 e deixou de lado o mensalão mineiro e o mensalão do DEM, em Brasília, no governo Arruda (2006)?

Ah, é a justiça seletiva. Aquela que condena quem interessa. E nem é preciso entrar no mérito das irregularidades do processo que envolveu a AP 470 no Supremo, pois são flagrantes!

A "justiça" incompleta está feita, com a conivência indisfarçada da grande imprensa, a serviço, sempre, do poder econômico, que estimulou o linchamento público numa espécie de revanche anunciada agora e sempre, pois, afinal, ousaram tirar-lhes o poder de mando no Planalto Central.

É preciso colocar em evidência o responsável por essa agenda, afinal 2014 é um ano eleitoral e a presidente Dilma, a continuar como está, pode levar a peleja já no primeiro turno. Assim, mais um candidato financiado, amparado, sustentado por uma agenda moralista e conservadora é a chance posta para levar a disputa para o segundo turno. É preciso testar todas as possibilidades, pois não aguentam mais um governo com uma agenda social vibrante, de empoderamento dos mais pobres.

O chamado "mensalão" e todas as suas consequências tem sido a revanche pela derrota em três eleições. E seus principais articuladores agora precisam pagar pela ousadia contra os donos do poder e do dinheiro farto.

É preciso expor as "heranças dos dois governos do presidente Lula que tem sido, predominantemente, judicializadas.

São levadas, portanto, para uma instância na qual a direita política, os privilegiados, os conservadores em geral (que tentaram sempre fulminar o Prouni, o Bolsa Família, as políticas de valorização do salário mínimo, as políticas de discriminação positiva, e outras políticas progressistas), tem maior possibilidade de influenciar", denuncia o governador do Rio Grande, Tarso Genro, em artigo na Agência Carta Maior.

Criaram até os movimentos de junho, lançando uma massa de gente desordenada pelas ruas, a questionar tudo e todos para criar o caldo de cultura que, imaginaram, culminaria com o alcance da "justiça" contra a companheirada, os malfeitores do PT. E de quebra criariam as condições para fragilizar o governo Dilma.

Estão fazendo isso desde o início, como diz o jornalista Leandro Fortes em seu texto de despedida da CartaCapital. "A fúria com que a mídia havia se debruçado sobre o escândalo do "mensalão" havia, na época, iniciado uma onda de vandalismo editorial que transformara o trabalho das redações de Brasília em gincanas de uma só tarefa: derrubar o governo Lula."

E segue: "Transformados em soldados de uma estrutura paralisante de pensamento único, os repórteres de Brasília passaram a gravitar em volta desse objetivo traçado pelo baronato da mídia sem maiores preocupações críticas.

De repente, a ordem era adaptar todas as teses progressistas e de esquerda vinculadas ao governo do PT ao esgoto do "maior escândalo de corrupção da história do Brasil" e, a partir de então, iniciar a caçada a Lula e seu mandato presidencial. Fracassaram, mas não pararam de se multiplicar."

O mais interessante e contraditório é que o poder que agora faz a "justiça incompleta e seletiva" é o mesmo que também livrou os torturadores da Ditadura Militar de 64 e os grandes esquemas envolvendo o Grupo Opportunity e Daniel Dantas, que abasteceu "outros ´mensalões´, em outras unidades da Federação".

Não se trata de teoria da conspiração. Foi assim com Getúlio, em 54, e com Jango, em 64.

"As mesmas forças, os mesmos interesses, os mesmos veículos e o mesmo linguajar que levaram Vargas ao suicídio e violentaram a democracia em 64, agora se unem abertamente para golpear o esforço progressista de retomar a construção interrompida de um Brasil mais justo e soberano."

Contra Vargas, ergueram-se as manchetes do ´mar de lama´. Contra Jango, ´o ouro de Moscou, ´a República sindicalista´, ´o naufrágio dos valores cristãos´, ´falência do abastecimento´.

Nos dias que correm, ´o mensalão´, ´a companheirada´, o ´intervencionismo estatal´, a ´gastança´, o ´abismo fiscal´, a implosão iminente da economia", servem como senha para anunciar o "caos", chama a atenção Saul Leblon, na Agência Carta Maior.

Barbas de molho!

(*) Jornalista, analista político e assessor parlamentar do Diap









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