Apesar da pressão do governo, juros do crédito cedem pouco

Brasília-DF, segunda-feira, 9 de junho de 2025


Brasília, terça-feira, 11 de setembro de 2012 - 17:4

TAXAS ELEVADAS

Apesar da pressão do governo, juros do crédito cedem pouco


Fonte: Valor Econômico

O governo voltou a criticar os juros altos cobrados pelos bancos. A presidente Dilma Rousseff aproveitou o pronunciamento feito no anúncio da redução das tarifas de energia para dirigir as baterias contra as taxas elevadas dos financiamentos, especialmente as dos cartões de crédito

Alguns dias antes, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, já havia culpado os bancos pelobaixo crescimento da economia.

Mantega disse que o spread cobrado nas operações de crédito ainda não está em nível satisfatório e prejudica os investimentos no país.

O comentário do ministro foi feito pouco depois de o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) ter divulgado que o PIB do  segundo trimestre cresceu somente 0,4% em comparação com o trimestre anterior na série livre de influências sazonais.

Em termos anualizados, o resultado sinaliza expansão de apenas 1,6%, bem inferior aos 4,5% de crescimento com os quais o governo chegou a  sonhar e aos 3,5% projetados pelo Banco Central mais recentemente.

Apesar de a economia estar reagindo no segundo semestre, os analistas esperam um crescimento entre 1,5% e 2%, menos do que os fracos 2,7% de 2011.

O único bom desempenho, pelo lado da oferta, foi do setor agropecuário, que cresceu 4,9% no segundo trimestre em comparação com o primeiro. O setor de serviços cresceu 0,7%.

A indústria continua com um comportamento sofrível e teve um recuo de 2,5% no segundo semestre ante o primeiro. Pelo lado da demanda, o consumo do governo cresceu 1,1% e o das famílias, 0,8% no segundo semestre sobre o primeiro. Mas a formação bruta de capital fixo recuou 0,7%.

Certamente o custo do crédito não é o único responsável pelo desempenho ruim da economia brasileira, que não reagiu apesar do corte dos juros básicos e dos estímulos que o governo vem injetando há pelo menos um ano. Mas também não se pode dizer que o crédito venha ajudando.

Exatamente no mesmo dia da divulgação do PIB, o Banco Central informou que o estoque das operações de crédito atingiu R$ 2,2 trilhões em julho, com crescimento de 17,7% em 12 meses e de apenas 0,7% sobre junho.

A média diária de concessão de empréstimos caiu 1,9% em julho, considerados os ajustes sazonais. Simultaneamente, a inadimplência, depois de meses de recuo, voltou a subir em várias linhas, alimentando a preocupação com o endividamento das famílias e de sua capacidade de animar a produção com um maior consumo.

A média diária de concessão de empréstimos para as empresas recuou  1,5% de junho para julho. Foi a segunda queda consecutiva. No caso das concessões para as famílias houve uma diminuição de 2,4%, anulando os avanços dos dois meses anteriores.

O estoque das operações de crédito só cresceu por causa da expansão da carteira  dos bancos públicos, especialmente do BNDES e do financiamento imobiliário da Caixa Econômica Federal.

No entanto, não adianta oferecer crédito se o tomador está retraído porque está inseguro para aumentar a produção ou consumir mais.

Há alguns meses, o economista-chefe da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), Rubem Sardenberg, sintetizou a situação de modo polêmico, mas não totalmente destituído de razão, ao dizer que de nada adiantava levar o cavalo até o rio se ele não queria beber água.

Se o crédito é caro, o tomador tem motivo para ficar retraído. O spread geral cobrado pelos bancos recuou 4,4 pontos nos 12 meses terminados em julho.

No mesmo período, a taxa básica de juros diminuiu 4,5 pontos. Se for somada a redução anunciada no fim de agosto, o corte chega a 5 pontos; e o juro real, como lembrou a presidente, caiu a perto de 2%.

Conhecidos pela elevada rentabilidade no panorama mundial, os bancos brasileiros estão longe de ser os mais eficientes, o que contribui sem dúvida para o comedido recuo do spread.

Reportagem do Valor (3) registra que as despesas operacionais dos bancos brasileiros equivalem a 6% dos ativos médios, quase o dobro da média das instituições americanas e de outros países da América Latina. Nem toda a diferença pode ser atribuída a custos trabalhistas e  impostos maiores.

Os próprios bancos reconhecem isso e lutam para serem mais eficientes. Mas os ganhos e redução do custo do dinheiro precisam ser revertidos em crédito mais barato para que os clientes não sejam asfixiados.









Últimas notícias

Notícias relacionadas



REDES SOCIAIS
Facebook Instagram

Sindicato dos Auxiliares de Administração Escolar em Estabelecimentos Particulares de Ensino no Distrito Federal

SCS Quadra 1, Bloco K, Edifício Denasa, Sala 1304,
Brasília-DF, CEP 71398-900 Telefone (61) 3034-8685
recp.saepdf@gmail.com