Brasília, terça-feira, 11 de setembro de 2012 - 17:4
TAXAS ELEVADAS
Apesar da pressão do governo, juros do crédito cedem pouco
Fonte: Valor Econômico
O governo voltou a criticar os juros altos cobrados pelos bancos. A presidente Dilma Rousseff aproveitou o pronunciamento feito no anúncio da redução das tarifas de energia para dirigir as baterias contra as taxas elevadas dos financiamentos, especialmente as dos cartões de crédito
Alguns dias antes, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, já havia culpado os bancos pelobaixo crescimento da economia.
Mantega disse que o spread cobrado nas operações de crédito ainda não está em nível satisfatório e prejudica os investimentos no país.
O comentário do ministro foi feito pouco depois de o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) ter divulgado que o PIB do segundo trimestre cresceu somente 0,4% em comparação com o trimestre anterior na série livre de influências sazonais.
Em termos anualizados, o resultado sinaliza expansão de apenas 1,6%, bem inferior aos 4,5% de crescimento com os quais o governo chegou a sonhar e aos 3,5% projetados pelo Banco Central mais recentemente.
Apesar de a economia estar reagindo no segundo semestre, os analistas esperam um crescimento entre 1,5% e 2%, menos do que os fracos 2,7% de 2011.
O único bom desempenho, pelo lado da oferta, foi do setor agropecuário, que cresceu 4,9% no segundo trimestre em comparação com o primeiro. O setor de serviços cresceu 0,7%.
A indústria continua com um comportamento sofrível e teve um recuo de 2,5% no segundo semestre ante o primeiro. Pelo lado da demanda, o consumo do governo cresceu 1,1% e o das famílias, 0,8% no segundo semestre sobre o primeiro. Mas a formação bruta de capital fixo recuou 0,7%.
Certamente o custo do crédito não é o único responsável pelo desempenho ruim da economia brasileira, que não reagiu apesar do corte dos juros básicos e dos estímulos que o governo vem injetando há pelo menos um ano. Mas também não se pode dizer que o crédito venha ajudando.
Exatamente no mesmo dia da divulgação do PIB, o Banco Central informou que o estoque das operações de crédito atingiu R$ 2,2 trilhões em julho, com crescimento de 17,7% em 12 meses e de apenas 0,7% sobre junho.
A média diária de concessão de empréstimos caiu 1,9% em julho, considerados os ajustes sazonais. Simultaneamente, a inadimplência, depois de meses de recuo, voltou a subir em várias linhas, alimentando a preocupação com o endividamento das famílias e de sua capacidade de animar a produção com um maior consumo.
A média diária de concessão de empréstimos para as empresas recuou 1,5% de junho para julho. Foi a segunda queda consecutiva. No caso das concessões para as famílias houve uma diminuição de 2,4%, anulando os avanços dos dois meses anteriores.
O estoque das operações de crédito só cresceu por causa da expansão da carteira dos bancos públicos, especialmente do BNDES e do financiamento imobiliário da Caixa Econômica Federal.
No entanto, não adianta oferecer crédito se o tomador está retraído porque está inseguro para aumentar a produção ou consumir mais.
Há alguns meses, o economista-chefe da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), Rubem Sardenberg, sintetizou a situação de modo polêmico, mas não totalmente destituído de razão, ao dizer que de nada adiantava levar o cavalo até o rio se ele não queria beber água.
Se o crédito é caro, o tomador tem motivo para ficar retraído. O spread geral cobrado pelos bancos recuou 4,4 pontos nos 12 meses terminados em julho.
No mesmo período, a taxa básica de juros diminuiu 4,5 pontos. Se for somada a redução anunciada no fim de agosto, o corte chega a 5 pontos; e o juro real, como lembrou a presidente, caiu a perto de 2%.
Conhecidos pela elevada rentabilidade no panorama mundial, os bancos brasileiros estão longe de ser os mais eficientes, o que contribui sem dúvida para o comedido recuo do spread.
Reportagem do Valor (3) registra que as despesas operacionais dos bancos brasileiros equivalem a 6% dos ativos médios, quase o dobro da média das instituições americanas e de outros países da América Latina. Nem toda a diferença pode ser atribuída a custos trabalhistas e impostos maiores.
Os próprios bancos reconhecem isso e lutam para serem mais eficientes. Mas os ganhos e redução do custo do dinheiro precisam ser revertidos em crédito mais barato para que os clientes não sejam asfixiados.
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