Brasília, terça-feira, 18 de agosto de 2009 - 15:55
DESEMPREGO
Golpe dos currículos: facilidades custam caro
Fonte: Correio Braziliense
Pela internet, empresas de recursos humanos anunciam ofertas de emprego. Por uma semana, o cadastramento é gratuito. Mas quem não consegue cancelar o registro nesse período é cobrado pelo serviço, na conta corrente ou no cartão
O convite é tentador: “Cadastre seu currículo gratuitamente por sete dias e tenha acesso a um banco de dados com mais de 180 mil ofertas de empregos”.
O anúncio está estampado em dezenas de páginas da internet, avalizado por empresas de recursos humanos reconhecidas no mercado.
Duas delas, a Catho e a Manager, alardeiam facilidades que enchem os olhos dos mais incautos, a ponto de registrarem pelo menos 500 trabalhadores por dia.
Mas, por trás de toda a generosidade, pode-se esconder um golpe virtual, alertam os órgãos de defesa do consumidor.
Para anunciar o currículo e permitir o acesso a seus bancos de dados, o candidato tem que fazer uma assinatura do serviço.
Ou seja, precisa fornecer o número de uma conta corrente ou de um cartão de crédito, mesmo que, nos primeiros sete dias, o serviço seja gratuito.
Se, nesse período, o trabalhador desistir de manter as suas informações nos cadastros das empresas, pode requisitar o cancelamento do registro sem qualquer ônus. Mas não é bem assim que o negócio funciona.
Há um grande número de pessoas que recorreram ao serviço gratuito, mas, no meio do caminho, pediram o bloqueio do registro, só que foram obrigadas a pagar pelo que não usaram.
As empresas debitaram mensalidades indevidas na conta corrente ou no cartão de crédito.
Foi o caso de Davisson Roberto Bezerra Santos, 29 anos, consultor financeiro desempregado.
Mesmo com o acesso aos registros da Manager suspenso e a garantia da agência de que não seria cobrado pelo serviço, ele foi surpreendido com uma fatura debitada na conta corrente de sua mulher, Daniela.
“Tomei um susto. Pegamos o extrato e lá estavam os R$ 113 cobrados pela Manager”, disse. Durante o período gratuito, ele acessava o site todos os dias. Mas a vaga que tanto ansiava não apareceu.
“Esses sites de empregos se aproveitam de nossas mazelas para ganhar dinheiro fácil”, desabafou.
Davisson procurou insistentemente a Manager para ter seu dinheiro de volta. Chegou, inclusive, a receber e-mails da empresa dizendo que o serviço havia sido cancelado no período de gratuidade e que ele seria reembolsado.
“Há 15 dias, a Manager prometeu devolver meu dinheiro, mas, até agora, não recebi nada”, afirmou.
Procurada pelo Correio, a agência encaminhou um e-mail demonstrando as “facilidades” encontradas pelos candidatos para cancelar a assinatura. Não assumiu, porém, o erro no caso do analista financeiro desempregado.
Fragilidades
O presidente do Instituto de Defesa do Consumidor do Distrito Federal (Procon-DF), Ricardo Hernane Pires, reconheceu que são crescentes as reclamações contra empresas que oferecem facilidade para arrumar emprego.
Esse tipo de golpe fica mais fácil devido à grande quantidade de desempregados espalhados pelo País.
Somente nas seis maiores regiões metropolitanas — São Paulo, Rio de Janeiro, Salvador, Recife, Belo Horizonte e Porto Alegre — há quase 2 milhões de trabalhadores em busca de uma oportunidade. Pessoas que estão no limite e frágeis emocionalmente.
Portanto, aconselhou Pires, é preciso muita cautela na hora de recorrer a serviços que prometem mundos e fundos. “Não existe almoço de graça. A qualquer momento, a conta chega”, afirmou.
Segundo ele, o melhor que as pessoas têm a fazer é pesquisar bem o histórico das empresas de recursos humanos, ver se não há queixas contra elas nos órgãos de defesa do consumidor.
E, principalmente, não entregarem dados sobre conta corrente e cartão de crédito como garantia para serviços que são oferecidos como gratuitos.
Para os que foram lesados, o presidente do Procon-DF recomenda que apresentem aos órgãos de defesa do consumidor a página do site com a proposta e os e-mail recebidos confirmando o cancelamento do serviço.
“São provas importantes. Só assim podemos tomar os procedimentos cabíveis”, ensinou. Até o fechamento da edição, a Catho não havia respondido aos contatos do Correio.
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