Brasília, terça-feira, 13 de outubro de 2009 - 14:24
GANHO REAL
Desigualdade afeta mulheres e negros
Fonte: Jornal do Brasil
As diferenças salariais de etnia e gênero continuam sendo grandes desafios

Apesar do recente crescimento econômico e de políticas destinadas a reduzir a desigualdade, de acordo com um estudo do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID).
O estudo constatou que os homens ganham mais que as mulheres em qualquer faixa de idade, em todos os níveis de instrução, em qualquer tipo de emprego (autônomos, empregadores e empregados) e em empresas grandes ou pequenas.
Apenas as mulheres das áreas rurais ganham, em média, o mesmo que os homens.
As diferenças salariais entre os gêneros variam muito entre os 18 países. Os homens ganham 30% a mais que as mulheres no Brasil quando ambos têm a mesma idade e nível de instrução, por exemplo, enquanto na Bolívia a diferença é muito pequena.
Em análise de informações domiciliares de 18 nações latino-americanas, o estudo conclui que mulheres e minorias étnicas ainda estão em clara desvantagem.
Mulheres em desvantagem
As mulheres na região ganham menos que seus colegas homens mesmo que tenham melhor nível de instrução. Uma comparação simples dos salários médios indica que os homens ganham 10% a mais que as mulheres.
Quando, porém, os economistas comparam homens e mulheres com a mesma idade e nível de instrução, a diferença salarial entre homens e mulheres é de 17%.
Para os sete países que dispunham de dados sobre etnias, o estudo encontrou que minorias indígenas e afrodescendentes ganham em média 28% a menos do que a população branca na região, quando os indivíduos têm a mesma idade, gênero e nível de instrução.
Foram consideradas "minorias" pessoas que, em pesquisas domiciliares, se autodeclararam indígenas, negros ou pardos ou falantes de uma língua indígena. Apesar de serem a maioria em alguns países do estudo, esses grupos são considerados "minorias".
"As políticas destinadas a reduzir essas desigualdades ainda são insuficientes. Isso é mais do que apenas uma necessidade moral. É uma estratégia essencial para reduzir a pobreza na região", disse o economista do BID Hugo Ñopo, o principal autor do estudo.
O estudo conclui que a melhora dos níveis de instrução das minorias étnicas na América Latina poderia reduzir significativamente a diferença salarial.
Níveis melhores de instrução poderiam ajudar a reduzir a diferença salarial média em quase um quarto entre minorias e não-minorias na região.
Essas descobertas são parte de uma série de estudos que analisam as diferenças salariais em vários países da América Latina.
O documento de trabalho New Century, Old Disparities: Gender and Ethnic Wage Gaps in Latin America, escrito pelos economistas do BID Ñopo, Juan Pablo Atal e Natalia Winder, resume os dados referentes a toda a região com metodologia que possibilita medidas mais precisas das defasagens de salários.
O estudo compara os salários de indivíduos com as mesmas características demográficas e de emprego, como idade, nível de instrução, local de residência e tipo de emprego, entre outras.
Os economistas dividem a análise das defasagens salariais em duas partes. Por um lado, avaliam em que medida trabalhadores com as mesmas características ganham salários diferentes com base em seu gênero ou etnia.
Por outro, analisam até que ponto mulheres e minorias étnicas não conseguem acesso a certas combinações de características que lhes permitiriam ser mais bem pagos nos mercados de trabalho.
A nova metodologia possibilitou que os pesquisadores do BID medissem melhor o papel de características individuais para explicar as diferenças salariais na região.
"Comparando indivíduos com a mesma formação, podemos oferecer uma medida mais precisa de possíveis causas das diferenças salariais", disse Ñopo.
"As metodologias anteriores tendiam a exagerar o papel da discriminação e de outras características não-especificadas para a explicação de diferenças de salários".
Em geral, a menor diferença salarial por gênero é encontrada entre pessoas mais jovens com nível universitário.
Uma explicação possível é que mulheres com nível de instrução mais alto ocupam posições em empresas em que há menos espaço para diferenças nas condições salariais.
Essa hipótese é corroborada pelo fato de que a defasagem salarial é mais baixa entre trabalhadores formais e mais alta entre os que trabalham em empresas pequenas.
As maiores defasagens são encontradas entre trabalhadores com salários mais baixos, educação secundária incompleta e moradores de áreas rurais.
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