Brasília, quarta-feira, 18 de novembro de 2009 - 17:38
ENSINO SOB SUSPEITA
Escola usa nome de outra em venda ilegal de diplomas
Fonte: Correio Braziliense
Mesmo não autorizada, escola usa o nome de outra para emitir diplomas de ensino médio. Esse tipo de captação de alunos é proibido, segundo a Secretaria de Educação do DF
O oferecimento de supletivos ilegais no Distrito Federal vai além do Instituto Latino-Americano de Línguas (Ilal).
Mais uma escola candanga, localizada no Setor M Norte, em Taguatinga, é acusada de enganar o consumidor com promessas de cursos rápidos e autorizados pela Secretaria de Educação do Distrito Federal e o Ministério da Educação (MEC).
Como comprovou o Correio Braziliense, a Infor School garante a entrega de certificados de conclusão de ensino médio e ainda usa o nome de uma instituição devidamente credenciada para dar credibilidade à fraude. A terceirização, porém, é proibida.
As ofertas da Infor School, consideradas enganosas pela Coordenação de Supervisão Institucional e Normas de Ensino (Cosine) da Secretaria de Educação do DF, aparecem em materiais informativos e promocionais e cartazes.
Uma faixa amarela toma conta de parte da fachada da escola e chama a atenção de quem passa em frente a ela. Em letras garrafais, anuncia: “Supletivo. Conclua o 2º grau com rapidez e segurança”.
Um folder entregue no local também revela “certificado reconhecido pela Secretaria de Educação, emitido por instituição credenciada pela SEE/DF MEC”.
A reportagem ligou para a Infor School ontem à tarde (leia diálogo). Sem se identificar, perguntou detalhes do curso.
A funcionária explicou que o serviço se trata de um supletivo a distância, em que os alunos agendam as 11 avaliações após estudar as apostilas fornecidas pela escola.
Deixou claro que não há orientação ou aulas para o estudante. Além disso, deve-se pagar R$ 900 — R$ 150, em seis vezes.
“Você vai receber os materiais, as apostilas. (…) Daí, você estuda em casa e, quando se sentir preparado para fazer a prova, faz um simulado pela internet.”
Segundo ela, os exames definitivos são aplicados em outro local. Mas não quis revelar o nome e o endereço da instituição por telefone. Garantiu que o aprovado recebe um diploma reconhecido pelo MEC.
“Essas provas não são feitas aqui. É como se a gente fosse uma terceirizada”, disse.
A reportagem esteve pessoalmente na Infor School, na EQNM 38/40. A recepcionista anotou em um informativo a escola que forneceria os certificados de ensino médio.
Confirmou que ela aparece na lista das credenciadas pela Secretaria de Educação do DF para oferta de supletivos.
Convênio inexistente
O Correio entrou em contato com a empresa informada pela funcionária. O representante administrativo disse que não mantém convênios com a Infor School.
“Não há relação com eles. Eles usam o nosso nome indevidamente e não damos autorização para ninguém aqui usar o nosso nome”, afirmou.
O funcionário protocolou ofício na Cosine em que comunica as tentativas de fraude sofridas no DF. E não só por conta da Infor School.
A reportagem também conversou com o dono da Infor School, identificado como João Bosco. Ele reiterou as informações passadas por telefone pela funcionária.
Entre elas, a oferta de supletivos a distância e a parceria com a tal instituição credenciada pela Secretaria de Educação. “Não tem só eu como parceiros deles, não”, denunciou.
“O que a gente faz é a parte da captação de alunos e indica o curso deles”, admitiu. Contou ainda que os estudantes usam a estrutura da Infor School para atividades como simulados.
A coordenadora da Cosine, Leila Pavanelli, abriu ontem apuração contra a Infor School. Mas adiantou que a prática de terceirização é proibida pelo Conselho Nacional de Educação e o Conselho de Educação do DF.
“Não existem polos de captação no Distrito Federal. Não há captação de funcionários e de alunos para se oferecer um supletivo credenciado por outra instituição. Onde está a proposta pedagógica de um curso desses, em que nem há acompanhamento? A Cosine vai tomar providências”.
A atuação da Infor School lembra a do Ilal — coincidentemente, a sede da primeira funciona há dois meses na mesma loja onde existia uma das cinco unidades do concorrente.
O Ilal é acusado de esquema de emissão de certificados de conclusão de ensino médio, como denunciou com exclusividade o Correio.
Usava o nome de uma instituição do Rio de Janeiro para vender diplomas. Sofre agora investigação de duas promotorias e da Delegacia de Defraudação e Falsificação (DEF).
Na última sexta-feira, acabou notificada pelo Instituto de Defesa do Consumidor (Procon) por publicidade enganosa.
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