Foram apenas oito minutos. Mas a presença do presidente da França, Nicolas Sarkozy, marcou a inauguração das obras do Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) no Setor Comercial Sul (SCS), em frente ao Shopping Pátio Brasil.

Animado com a sinalização do governo francês quanto ao financiamento no valor de 140 milhões de euros — aproximadamente R$ 370 milhões —, o governador José Roberto Arruda (DEM) marcou data para a inauguração do primeiro trecho do empreendimento.

Em 7 de setembro de 2010, o governo pretende lançar o percurso entre o Terminal da Asa Sul e a estação da 506 Sul (veja arte ao lado).

As obras serão iniciadas nos próximos dias, embora a assinatura do contrato com a Agência Francesa de Desenvolvimento (AFD) ainda precise passar por aprovação da Secretaria do Tesouro Nacional e do Senado Federal.

O secretário de Transportes, Alberto Fraga, acredita que o aval ocorrerá em curto prazo.

Além do financiamento do governo francês, o Executivo local possui atualmente R$ 24 milhões de verba do próprio orçamento e R$ 27 milhões de um empréstimo do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

Além disso, Fraga negocia com o Banco do Bra´sil (BB) crédito para a compra dos vagões e do sistema de trilhos para o VLT.

No estande, montado no estacionamento do SCS, a população pode entrar e conhecer um vagão com capacidade para 400 passageiros semelhante ao que será usado no sistema do Distrito Federal.

Também existem painéis com informações sobre o funcionamento, o percurso e a capacidade do VLT produzido pela empresa francesa Alstom. A exposição ficará aberta à população até 20 de setembro.

Sarkozy veio ao Brasil acompanhado de integrantes de sua equipe e de uma comitiva de empresários. O empreendimento na capital do país é emblemático para o governo francês.

O projeto é parcialmente financiado pela AFD e tem uma empresa francesa, a Alstom, como uma das principais integrantes do consórcio responsável pelo VLT.

Sarkozy chegou sorridente, posou para fotos ao lado de Arruda e ainda segurou uma placa de comemoração do cinquentenário de Brasília.

Depois, apesar do forte esquema de segurança, quebrou o protocolo ao andar no meio do público, ao lado de Arruda.

No tempo em que ficou sobre o palco, Sarkozy mandava beijos para o público e repetia merci (obrigado em francês).

O governador do DF fez um discurso de dois minutos, curto a pedido do cerimonial do governo francês, em que agradeceu a liberação do empréstimo da AFD e a presença de Sarkozy.

Depois do evento, em entrevista, Arruda prometeu que além da primeira etapa, um novo trecho será concluído até o fim de 2010. Ele pretende concluir 70% do empreendimento até 2014, para a Copa do Mundo.

Tráfego
O diretor-presidente do Metrô, José Gaspar de Souza, explicou que o trecho mais complicado das obras será a colocação dos trilhos na região próxima ao SCS.

Nessa área, todo o tráfego de carros e a passagem do VLT serão subterrâneos, para deixar espaço para uma praça e pedestres.

"Vamos começar pelo fim da Asa Sul porque lá a obra é mais simples e não será necessário interromper o trânsito na W3", contou Gaspar.

O trem exposto no SCS é um pouco menor do que os veículos que circularão pela Asa Sul a partir de 2010. Quando concluído, o VLT terá capacidade para transportar 180 mil passageiros por dia.

Com o novo meio de transporte, a expectativa é que o número de carros que transitam pelo Plano Piloto caia 30% e que 640 ônibus deixem de circular pela W3.

O primeiro trecho do veículo leve sobre trilhos, que ligará o Setor Policial Sul ao início da W3 Norte, custará R$ 780 milhões. O valor estimado para colocar o VLT em toda a avenida W3 é de R$ 1,5 bilhão.