Brasília, domingo, 8 de agosto de 2010 - 23:40
PESQUISA NACIONAL
Brasília é o retrato da desigualdade social que existe em todo o País
Fonte: Agência Brasil
Análise publicada em julho pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), a partir dos dados da Pesquisa Nacional de Amostra Domiciliar (Pnad) e das contas nacionais e regionais, mostra que, em praticamente todas unidades da Federação, ficou menor a distância entre os pobres e os ricos, entre 1995 e 2008.
A única exceção é o Distrito Federal. Nesse período, o índice de Gini – que mede desigualdade de renda – aumentou de 0,58 para 0,62 (quanto mais próximo de 1 maior a desigualdade). A Pnad é feita pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Conforme o presidente do Ipea, Marcio Pochmann, a razão do aumento da desigualdade na unidade que abriga a capital do país está no pico e na base da pirâmide social.
Nos últimos anos, no Distrito Federal, houve aumento de renda dos mais ricos (em Brasília, funcionários públicos com as carreiras mais valorizadas) e aumento do número de pessoas com renda extremamente baixa (migrantes).
“A desigualdade aumenta porque o crescimento populacional se dá na base da pirâmide social”, explicou.
Pochmann lembra que, na última década, houve recomposição dos salários do funcionalismo, mas pondera que a migração é mais responsável pela desigualdade.
“Mesmo quando, nos anos 90 e no início desta década, os salários ficaram comprimidos, não tiveram reajuste e nem recuperação real, a desigualdade geral também crescia”, destacou.
De acordo com o sociólogo Marcel Bursztyn, do Centro de Desenvolvimento Sustentável da Universidade de Brasília (CDS/UnB), o Distrito Federal ainda atrai migrantes sobretudo por conta do acesso a serviços públicos, como o atendimento médico-hospitalar.
“São serviços de qualidade superior à [qualidade] dos que [eles, os migrantes] têm em suas regiões. Muita gente vem para Brasília em busca de tratamento de saúde de algum membro da família”, relata.
Bursztyn diz que ainda se lembra de quando fez pesquisas de campo e encontrou famílias que chegaram ao Distrito Federal de carroça ou em ambulâncias.
São pessoas, segundo ele, que percorreram mais de mil quilômetros para trazer alguém doente, necessitando de tratamento que não encontrou na sua região.
Para o acadêmico, o aumento da desigualdade da renda no Distrito Federal mostra que Brasília, em vez de ser uma “ilha da fantasia”, se parece muito com o Brasil, tido como um dos países mais desiguais do mundo.
“Brasília é um retrato caricatural, no qual se acentuam os traços mais visíveis. Brasília é uma miniatura do país."
Últimas notícias
PL prevê volta da assistência sindical na homologação de demissões
10/6 - 10:7 |
Prazo para inscrição no Enem 2025 é prorrogado até sexta-feira (13)
6/6 - 15:22 |
SAEP convoca filiados para Assembleia de eleição dos delegados que irão para o 11º Conatee
5/6 - 17:53 |
SAEP apoia greve dos professores da rede pública; docente mal remunerado é descompromisso com educação de qualidade
3/6 - 18:24 |
Racismo: discriminação na UCB reacende debate, que sempre volta porque não é enfrentado como problema de Estado
Notícias relacionadas
Igualdade salarial: lei federal completa 1 ano sob ameaça de ser suspensa
12/6 - 20:47 | TRABALHO INFANTIL
O combate ao trabalho infantil no Brasil e a inadmissibilidade do aumento da idade mínima para o trabalho*
9/5 - 21:7 |
“Países democráticos não podem prescindir dos sindicatos”, chama atenção a presidente do SAEP
2/4 - 16:58 |
Governo lança cartilha tira-dúvidas sobre lei da igualdade salarial
17/2 - 15:7 |
Governo propõe mínimo de R$ 1.320, centrais querem R$ 1.343