Eduardo Bolsonaro e Paulo Figueiredo: a diplomacia da insanidade

Brasília-DF, terça-feira, 28 de outubro de 2025


Brasília, terça-feira, 28 de outubro de 2025 - 15:50

Eduardo Bolsonaro e Paulo Figueiredo: a diplomacia da insanidade


Por: Marcos Verlaine*

Ao tentar pautar o governo dos Estados Unidos contra o Brasil, a dupla transforma delírio ideológico em projeto político — e a imprensa, ao lhes dar palco, contribui para normalizar o absurdo.

Foto: Reprodução/X
O ex-apresentador da Jovem Pan Paulo Figueiredo e o deputado Eduardo Bolsonaro.

O deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e o “comentarista” Paulo Figueiredo, neto do último ditador João Batista de Oliveira Figueiredo, vêm protagonizando uma das cenas mais vergonhosas da política internacional recente.

De Washington, atuaram e atuam para pressionar o governo americano a adotar sanções comerciais contra o Brasil, numa tentativa de minar o governo Lula (PT) e inflamar o eleitorado bolsonarista no País.

É o delírio travestido de patriotismo e o paroxismo transformado em militância contra o Brasil

Em julho de 2025, o El País revelou que Eduardo se autoproclamava o “articulador” da decisão de Donald Trump de elevar para até 50% as tarifas sobre produtos brasileiros. O próprio deputado publicou vídeos celebrando “reuniões importantes” com autoridades dos EUA, ao lado de Figueiredo.

A cena é grotesca: parlamentar brasileiro torcendo pela punição do próprio País — forma moderna de antipatriotismo —, embalada por retórica ideológica.

O Brasil não é o inimigo
Os fatos econômicos desmentem a fantasia bolsonarista.

Em 2024, os Estados Unidos exportaram cerca de US$ 49,1 bilhões em bens ao Brasil e importaram US$ 42,3 bilhões, e registraram superávit de US$ 6,8 bilhões.

Somando bens e serviços, o saldo positivo americano ultrapassa os US$ 29 bilhões, segundo dados do USTR (United States Trade Representative) e da plataforma USAFacts.

Ou seja: os EUA ganham mais com o Brasil do que o contrário.

Ainda assim, Eduardo Bolsonaro tenta convencer Washington de que o País seria “problema comercial” — discurso que beira a sabotagem nacional.

Quando a imprensa erra o foco
Parte da mídia brasileira também contribuiu para dar ar de seriedade a esse teatro.

Ao noticiar as ações de Eduardo e Figueiredo sem o devido contexto, a imprensa acabou validando o absurdo, tratando sabotagem como “posicionamento político”.

Quando um deputado eleito age contra o interesse nacional, o jornalismo não deve apenas noticiar — deve enquadrar o fato com rigor.

A neutralidade não pode ser confundida com cumplicidade.

Quem desinforma e trabalha contra o Brasil precisa ser desmascarado, não emoldurado.

Lula reage com soberania e equilíbrio
Enquanto Eduardo Bolsonaro buscava holofotes, o governo Lula respondeu com estratégia, serenidade e firmeza.

Diante das tarifas de Trump, o Itamaraty e o Ministério do Desenvolvimento acionaram a OMC (Organização Mundial do Comércio) e mobilizaram parceiros na União Europeia e na Ásia para diversificar mercados e reduzir a dependência das exportações aos EUA.

A diplomacia brasileira evitou a escalada retórica.

O presidente Lula optou por defender o Brasil com energia e equilíbrio, em contraste com o amadorismo agressivo dos opositores antipatrióticos.

A postura foi reconhecida até por analistas estrangeiros como reação “madura e calculada” — e os resultados apareceram: as exportações agrícolas se mantiveram estáveis e novos acordos comerciais com China e Índia começaram a avançar.

O recado foi claro: o Brasil voltou a agir como Estado soberano, não como colônia ideológica. Ou fazenda, com senhores e servos.

Bufões em busca de palco
O episódio escancara o abismo entre quem governa e quem delira.

Enquanto Lula conduz uma diplomacia pragmática, Eduardo Bolsonaro e Paulo Figueiredo se comportam como bufões geopolíticos, tentando pautar o destino nacional por meio de lives, boatos e ressentimentos.

O futuro das relações internacionais brasileiras exige seriedade, não fanatismo.

O Brasil precisa de diplomatas, não de agitadores.

Ridicularizar é resistir
Eduardo Bolsonaro e Paulo Figueiredo não merecem reverência — merecem o riso.

Ridicularizá-los é ato de higiene democrática, pois o humor é uma forma legítima de desarmar o autoritarismo, o fanatismo e os bufões.

O Brasil voltou a ser respeitado no mundo, com voz ativa e política externa equilibrada.

E isso, ao que parece, incomoda profundamente quem lucra com o caos.

 

(*) Jornalista, analista político e assessor parlamentar do Diap

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Fontes

1. USTR (United States Trade Representative) - Brazil Trade Data 2024. Disponível em: ustr.gov/countries-regions/americas/brazil

2. USAFacts - US Trade withBrazil, 2024. Disponível em: usafacts.org

3. El País - “Eduardo Bolsonaro, themanurging Trump topunishBrazil”, 29 jul. 2025. Disponível em: english.elpais.com

4. Reuters - “Trump raisestariffsonBrazilianproductsto 50% starting August 2025”, 9 jul. 2025.

5. A Pública – “Paulo Figueiredo and Eduardo Bolsonaro met US officialstodiscusssanctionsagainstBrazil”, ago. 2025.

6. Itamaraty / Mdic – Comunicado oficial sobre medidas de retaliação comercial, ago. 2025.Parte inferior do formulário









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