Brasília, segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010 - 15:46
TRANSPORTE PÚBLICO
Ciclovias no DF: acerto ou erro nas vias da Capital Federal?
Fonte: Jornal Alô Brasília
Previsão de construir 600 quilômetros de ciclovia no DF para compor o Brasília Integrada virou realidade em apenas 80 quilômetros. Especialista não acredita em sucesso do projeto
O aumento da frota de veículos e a falta de espaço para a construção de novas vias no Distrito Federal vêm motivando a realização de pesquisas para a criação de meios que possam desmotivar o uso do automóvel na capital.
Mesmo com atraso, a construção de ciclovias é uma das propostas que aos poucos vem ganhando formas.
A princípio, o GDF pretendia construir 600 quilômetros de ciclovias em várias cidades do DF até o fim do mandato do governador José Roberto Arruda (sem partido).
Mas, com o passar do tempo, o número de quilômetros reduziu para 250 – e até hoje, apenas 80 quilômetros foram construídos.
As vias exclusivas para bicicletas estão incluídas no do Programa de Transporte Urbano (PTU) do DF, que é conhecido popularmente como Brasília Integrada. A proposta original prevê a integração dessas vias aos terminais de embarque de ônibus e estações do Metrô.
Para o professor de engenharia de tráfego da Universidade de Brasília (UnB), Paulo Cezar Marques da Silva, o principal desafio do governo é realizar a integração das ciclovias.
"Não há conexão entre os trechos e sem essa característica, automaticamente, não existe integração", explicou. Ainda segundo Silva, os trechos são muito pequenos e foram construídos em locais com pouco movimento de pessoas.
"Se a proposta é usar as ciclovias como uma forma de reduzir o número de carros dentro das vias da cidade, essas ciclovias deveriam ser construídas dentro do centro e perto de tudo", concluiu.
Ciclistas não mudaram rotina
As obras dos trechos de São Sebastião, Samambaia, Varjão e Paranoá já estão concluídas e estão em fase de construção as ciclofaixas do Lago Sul e Lago Norte, Estrada Parque Cabeça do Veado, no Jardim Botânico e na Estrada Parque Taguatinga.
A cultura do uso de ciclovias é recente na rotina dos ciclistas do DF, por isso muitos preferem competir com os veículos nas vias tradicionais de tráfego.
O atendente Gilberto Barbosa, 25 anos, usa a bicicleta todos os dias para ir para o trabalho. Ele disse que não compensa usar as faixas exclusivas porque são curtas e os riscos são os mesmos.
"A pista para bicicleta é ao lado da pista para carros, a única coisa que separa as duas é uma faixa branca. Tem motorista que usa como acostamento, é tudo uma coisa só", disse.
Além da falta de respeito dos motoristas com os ciclistas, existe outro fator que intimida o uso da bicicleta nas vias do DF: a insegurança. Na estação do metrô em Samambaia, por exemplo, a oferta de vagas no bicicletário é menor que a demanda.
Com isso, os ciclistas precisam deixar suas bicicletas fora da estação – o que favorece a ocorrência de furtos.
Geyson Ferreira, 32 anos, é um dos adeptos da integração entre metrô e bicicleta. Ele mora a duas quadras da estação e foi uma das vítimas.
Segundo ele, por duas vezes foi obrigado a deixar sua bicicleta acorrentada em um pedaço de ferro ao lado da estação e, em uma dessas oportunidades, os bandidos levaram as rodas.
"Eles vêm preparados, trazem chaves de boca, quando percebem o uso de uma corrente resistente, levam os pneus e o que mais conseguirem", contou.
O secretário de Transportes, Alberto Fraga, reconhece os problemas, mas os justifica ressaltando que a malha de ciclovias do DF é um projeto pioneiro e ainda está em fase de implantação.
"Depois que finalizarmos as obras, vamos cuidar da parte educativa e de infraestrutura", garantiu.
Fraga aposta na "vontade de andar de ônibus"
Além das ciclovias, o rodízio de veículos nas ruas de Brasília é um tema constante nas pautas de reuniões dos órgãos que cuidam do transporte no DF.
No entanto, a Secretaria de Transportes não é favorável à sua implantação. Ainda segundo Fraga, esse tipo de sistema contradiz todos os investimentos que o GDF vem realizando nos últimos anos.
"Ao melhorar o sistema de transporte público, as pessoas terão mais vontade de andar de ônibus", disse.
Ainda segundo Fraga, nas últimas discussões, a construção de estacionamentos subterrâneos nas quadras comerciais do Plano Piloto foi o projeto que mais teve apoio.
Esse sistema funcionaria assim: o motorista que chegasse de carro ao Plano teria que pagar para estacionar. Segundo ele, essa medida restritiva ao uso de veículos se torna mais eficaz que a implantação de rodízio, pois ela não desmotiva a compra de novos veículos.
"Quem tem dinheiro não vai deixar de comprar outro carro para se livrar do rodízio. Quando um estiver impedido de trafegar, o outro é usado", conclui.
O professor da UnB concorda com o posicionamento do secretário e acrescenta. "O rodizio não é uma boa solução em lugar algum. Além do aumento da frota, o meio ambiente também é prejudicado. Quanto mais carros, maior é a emissão de gases nocivos à camada de ozônio", explicou.
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