8 de março: o ódio como tema de pesquisa

Brasília-DF, terça-feira, 11 de março de 2025


Brasília, segunda-feira, 10 de março de 2025 - 9:42

8 de março: o ódio como tema de pesquisa

Estudo revela 7 mil canais do YouTube dedicados a disseminar discursos contra mulheres. Os mais de 76 mil vídeos foram vistos 4 bilhões de vezes e atestam o retrocesso na valorização e respeito às mulheres

A desvalorização da mulher na sociedade também foi acentuada no Brasil nos últimos anos de governos de direita. A repercussão é nítida nas redes sociais — ambiente da atualidade de maior expressividade da voz popular — e gerou elementos para pesquisa.

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Foi com base nesse ecossistema, que o Observatório da Indústria da Desinformação e Violência de Gênero nas Plataformas Digitais realizou o estudo que expôs o retrocesso.

O projeto é desenvolvido pelo NetLab (Laboratório de Estudos de Internet e Redes Sociais) e UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), com apoio do Ministério das Mulheres

Misoginia dá lucro
Divulgados em dezembro de 2024, os dados apontaram não só tendência crescente da misoginia, mas também constatou a monetização, em cima de discursos de ódio às mulheres.

Desde 2022, houve aumento em 88% de conteúdo misógino no YouTube. Na análise computacional, 7.812 canais chamados masculinistas publicaram 76,3 mil vídeos, com mensagens do tipo.

Juntos, somaram mais de 4 bilhões de visualizações e 23 milhões de comentários.

Também foram analisados, qualitativamente, 137 canais com média de 152 mil inscritos e mais de 105 mil vídeos.

A pesquisa buscou identificar o ecossistema onde essa cultura misógina se desenvolve. As informações deverão servir de subsídios para políticas públicas que coíbam a prática de crimes de violência de gênero.

Na ocasião da divulgação, a ministra Cida Gonçalves previu a possibilidade de, então, mapear essa violência, conhecer os discursos que incentivam tais comportamentos e, com isso, lutar por meta de índice 0 de feminicídio.

Internet hostil com mulheres
O estudo nacional destacou que, em 2020, a ONU Mulheres já havia atestado que “Mulheres têm 27 vezes mais chances de serem assediadas ou atacadas em ambientes digitais do que os homens”.

Neste 8 de março, ao publicar o relatório de Pequim, a entidade internacional incluiu a tecnologia digital e a inteligência artificial usadas como mecanismos para perpetuar estereótipos prejudiciais.

Segundo o SaferNet (Central Nacional de Denúncias de Crimes Cibernéticos), “o número de denúncias de misoginia on-line no Brasil saltou de 961, em 2017, para 28, 6 mil, em 2022, em intervalo de apenas 5 anos”.

São xingamentos com intuito de intimidar, envergonhar e promover descrédito das mulheres atacadas.

Mães solo, mulheres acima dos 30 anos e trabalhadoras de dupla jornada têm os esforços diminuídos a mera obrigação.

Nos grupos de homens ou mesmo em comentários abertos para qualquer pessoa ler, são ridicularizadas e menosprezadas pela condição de gênero.

Ainda em 2017, a organização Coding Rights e o Internetlab identificaram que os principais alvos são mulheres que se dedicam à alguma atuação pública, como políticas, jornalistas, influenciadoras digitais, artistas, atletas e pesquisadoras.









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