Brasília, sexta-feira, 19 de junho de 2009 - 18:54 | Atualizado em: 22 de junho de 2009
PREVENÇÃO
Brasileiro tem mais relação casual
Fonte: Estadão.com.br
Estudo sobre comportamento sexual mostra que cresceu número dos que tiveram mais parceiros e caiu a prevenção

Pesquisa do Ministério da Saúde sobre comportamento sexual do brasileiro revela a existência de uma equação perigosa - o número de relações eventuais cresceu nos últimos anos, mas caiu o uso de preservativo.
O estudo, o maior já feito sobre o assunto no País, mostra uma tendência de queda do uso de camisinha em várias ocasiões, seja em relações com parceiros casuais, fixos ou eventuais (mantidas concomitantemente com a relação estável).
A exceção está na primeira relação sexual, mostrando que os jovens usam mais preservativo.
"Não podemos fechar os olhos para essa realidade", disse o ministro José Gomes Temporão, ao comentar o resultado do trabalho.
O porcentual de quem teve acima de cinco parceiros no último ano mais que dobrou entre 2004 e 2008. Passou de 4% para 9,3%. Nesse tipo de relação, o uso de preservativo no período caiu 5 pontos porcentuais: de 51,6% para 46,5%.
Banalização
Ainda não há como saber as razões que levam à redução do uso do preservativo.
O ministro, porém, arrisca uma justificativa: uma espécie de banalização da aids, fruto da melhoria da qualidade de vida dos pacientes submetidos a tratamentos com medicamentos antirretrovirais.
"Mas o Brasil não vai vencer a doença só pelo tratamento", observou.
A coordenadora do Programa Nacional de DST-Aids, Mariangela Simão, afirma que a recomendação número um é que preservativos sejam usados qualquer que seja a relação.
"No caso de relações estáveis, o assunto tem de, no mínimo, ser discutido". Ela sugere, por exemplo, que casais negociem, ao menos, o uso de preservativos no caso de a relação ocorrer com outros parceiros.
Traição
A recomendação não é à toa. O trabalho indica que 16% dos brasileiros já traíram seus parceiros. O comportamento foi admitido por 21% dos homens, ante 11% das mulheres.
As diferenças entre o grupo masculino e feminino não se limitam ao item traição.
O homem inicia a vida sexual mais cedo (36,9% tiveram a primeira relação antes dos 15 anos), tem maior número de parceiros casuais (13,2% tiveram mais de 5 parceiros casuais no ano anterior à pesquisa, índice três vezes maior do que o das mulheres) e 10% apresentaram pelo menos um parceiro do mesmo sexo na vida (quase o dobro do que foi apresentado pelas mulheres: 5,2% tiveram relações com parceiras do mesmo sexo).
Mas os homens usam mais preservativos do que o grupo feminino, em qualquer situação, seja com parceiras fixas, casuais ou eventuais.
Para Elvira Ventura Felipe, diretora da gerência de prevenção do Programa Estadual de DST-Aids de São Paulo, a diferença do comportamento é reflexo da dificuldade ainda apresentada por parte das mulheres de negociar o uso do preservativo.
Isso ocorre não só em relações estáveis, mas também nas casuais.
"Mesmo nesses casos, ainda há receio da mulher de ser considerada vulgar. Algo bem diferente do que ocorre com homens. Socialmente, há maior tolerância para homens que mantêm um número maior de parceiros".
Jovens mais cautelosos
Quanto menor a faixa etária da população analisada maior o uso do preservativo. Na população entre 15 e 24 anos, 67,8% disseram ter usado camisinha com parceiros casuais nos últimos 12 meses.
Na faixa etária seguinte, entre 25 e 49, esse porcentual cai para 54,4%. Os entrevistados com 50 e 64 anos apresentaram o menor índice de uso: 37,9%. A diferença também está presente no uso de camisinha com parceiros fixos.
Na faixa etária de 15 a 24 anos, 30,7% disseram usar preservativos em todas as relações com parceiros fixos. Entre pessoas com 25 e 49 anos, o índice cai para 16,6%
Informação inútil
Feita com 8 mil entrevistados, a pesquisa revela um fato intrigante.
Apesar de ser registrada tendência de queda no uso de preservativos, a população brasileira apresenta um elevado conhecimento sobre infecção e prevenção de aids.
Mais de 95% da população sabe que o uso do preservativo é a melhor forma de evitar a contaminação.
Segundo o ministério, esse é um dos índices mais altos do mundo. Um estudo feito em 64 países mostra que 40% dos homens e 38% das mulheres entre 15 e 24 anos tinham conhecimento exato sobre como evitar a transmissão do HIV.
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