Brasília, terça-feira, 5 de novembro de 2024 - 17:7
Enem aborda tema intrínseco à luta sindical em defesa dos trabalhadores
Quando o sindicato procura o patrão para negociar sobre os interesses dos trabalhadores, já leva ao debate questões sobre proteção e valorização da população afrodescendente. Esta pauta é permanente
Mais uma vez na história do concurso, o Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) promoveu reflexão social relevante para os estudantes que se submeteram ao certame. A primeira fase da edição 2024, no domingo (3/11), convidou os candidatos à vaga em universidades e faculdades a dissertar sobre os "Desafios para a valorização da herança africana no Brasil”.
Alguns educadores declararam considerar o tema difícil, porque trata da construção da identidade nacional, do idioma à economia, passando pela desigualdade de renda e de acesso a serviços públicos ou não, além de costumes culturais, como práticas religiosas.
A presidente do SAEP, Maria de Jesus da Silva, enfatiza que a redação proposta conversa diretamente com boa parte das pautas defendidas pelo movimento sindical no contexto de trabalho e suas relações.
“Quando o sindicato procura o patrão para negociar em defesa do trabalhador, são colocadas à mesa propostas que já consideram as peculiaridades históricas que impactam na vida de cada pessoa, seja quando tratamos de temas econômicos, seja nas questões de valorização e respeito à cultura e tradições”, relata Maria de Jesus.
Levantamento feito em outubro pelo Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos) confirma isso. O estudo revela que, neste ano, questões raciais foram priorizadas em pleitos de entidades. Avanços materializados em cláusulas de acordos e convenções coletivas.
Isso demonstra que os sindicatos e a luta por direitos e garantias são contemporâneos da modernidade. Enquanto houver explorados e exploradores da força de trabalho, com fito de lucro, o sindicato e o sindicalismo serão trincheiras em defesa dos trabalhadores.
Confira alguns destaques dos tópicos negociados, segundo o Dieese.
Promoção da igualdade: a empresa se comprometeu a manter 20% de funcionários afrodescendentes (pardos e negros). Além disso, deverá oferecer igualdade de condições e oportunidades para acesso a cargos.
Mulheres, negros e pessoas com deficiência: a empresa se comprometeu a promover uma política contínua para inclusão desses grupos.
Democratização, isonomia e equidade nas relações de trabalho: estabelece a garantia de participação efetiva em seleções internas, com igualdade de avaliação, conforme diretrizes da Convenção 111 da OIT (Organização Internacional do Trabalho).
Equidade de gênero e raça: prevê a estrutura do Comitê de Diversidade para criar programas de combate ao racismo no trabalho e combate à discriminação de gênero, também em atendimento à Convenção 111 da OIT junto à legislação brasileira. Firma, ainda, o compromisso de as empresas adotarem medidas que coíbam procedimentos que possam inibir a contratação de mulheres.
Para saber mais sobre o estudo, leia a revista digital Caderno de Negociação, do Dieese.
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