Brasília, segunda-feira, 9 de novembro de 2009 - 15:0
DENÚNCIA
Escolas são investigadas por venda de certificados
Fonte: Correio Braziliense
Instituições são suspeitas de participar do esquema de venda de certificados e históricos escolares

A Secretaria de Educação do Distrito Federal identificou mais duas instituições suspeitas de envolvimento em esquema de venda de históricos escolares e certificados de conclusão de ensino médio.
Assim como o Instituto Latino-Americano de Línguas (Ilal), as escolas não têm autorização junto às autoridades locais e nacionais de educação para oferecer aulas de supletivo bem como emitir e vender documentos e declarações como atestado para matrícula no ensino superior.
Elas serão investigadas pela Coordenação de Supervisão Institucional e Normas de Ensino (Cosine) a partir desta segunda-feira (9).
Os nomes das escolas surgiram após reportagem publicada pelo Correio Braziliense. Funcionários da Cosine receberam no mesmo dia 50 ligações de brasilienses preocupados com a validade dos documentos obtidos em uma das cinco unidades do Ilal no DF – há na Asa Norte, na Asa Sul, em Águas Claras e duas em Taguatinga.
Alguns dos contatos ocorreram por conta de dúvidas sobre o credenciamento de outras instituições para emissão dos certificados. Assim, surgiram os novos nomes, mantidos em sigilo pela Cosine.
A coordenadora do setor, Leila Pavanelli, afirmou que as denúncias serão aprofundadas. "Vamos visitar pessoalmente essas escolas para ver se apresentam o mesmo problema do Ilal. Se tiverem o mesmo perfil, serão consideradas clandestinas", explicou.
A Cosine apurou, por exemplo, que o Ilal cobra até R$ 3 mil pelos certificados. Vende os documentos acompanhados de históricos escolares atestados pela Empresa de Pesquisa, Ensino e Cultura (Epec), no Rio de Janeiro, descredenciada neste ano pelo governo do Rio de Janeiro.
No fim de semana, a reportagem recebeu denúncia de que duas escolas da capital carioca mantêm escritórios em Brasília.
Elas emitiriam, sem autorização da Secretaria de Educação do DF, certificados de conclusão dos ensinos fundamental e médio, sem a necessidade de provas.
O interessado precisaria pagar uma taxa, que varia de R$ 1,2 mil a R$ 1,8 mil. Em seguida, ganharia uma declaração e, em três meses, receberia pelos Correios o diploma e o histórico escolar.
Dois conhecidos do responsável pela informação fizeram matrícula em uma faculdade do Plano Piloto com tais documentos.
Pente fino
A ação de instituições descredenciadas no DF colocou em xeque o acesso de milhares de brasilienses ao ensino superior.
No dia seguinte à publicação da primeira reportagem do Correio, as principais universidades da capital do país iniciaram levantamentos para descobrir quantos alunos apresentaram certificados do Ilal para garantir a aprovação no vestibular.
A Universidade de Brasília (UnB) identificou 88 casos em 34 cursos de graduação. Os dados são preliminares de 2009. A investigação, inclusive de anos anteriores, continua nesta semana.
Seguiram pelo mesmo caminho da UnB o Instituto de Educação Superior de Brasília (Iesb) e a Universidade Católica de Brasília (UCB).
O primeiro localizou 11 universitários com declarações do Ilal. A segunda não finalizou o pente fino, mas informou que não aceita matrículas com o aval da escola há três semestres.
Já o Centro Universitário de Brasília (Uniceub) descobriu 39 estudantes em situação irregular 20 dias antes da reportagem.
Nos quatro casos, os flagrados perderão a chance de continuar os estudos no ensino superior se não mostrarem diplomas para legitimar os certificados.
Internet
A Secretaria de Educação do DF publica a partir desta segunda-feira (9) no site do órgão (www.se.df.gov.br) o nome das 26 escolas credenciadas para educação de jovens e adultos na capital do País na modalidade supletivo à distância.
Isso porque parte das irregularidades descobertas pela Cosine e pelas universidades brasilienses envolve menores de 18 anos com certificados do Ilal.
Os documentos revelam conclusão do ensino médio via Educação de Jovens e Adultos (EJA) – a participação de adolescentes é proibida pela Resolução nº 1/2009 do Conselho de Educação do DF.
As suspeitas de irregularidades cometidas pelo Ilal ainda aparecem como alvo do Ministério Público do DF desde sexta-feira (6), quando a Promotoria de Defesa da Educação (Proeduc) abriu investigação a partir de denúncia da Secretaria de Educação do DF.
Agora, será a vez do Instituto de Defesa do Consumidor (Procon) encaminhar documentos e registros levantados contra o Ilal à Proeduc.
Indícios apontam que a escola vende certificados sem valor perante as autoridades de educação. Não se descarta a possibilidade de as cinco unidades serem fechadas.
IDENTIFICADOS
88 alunos da UnB que garantiram matrícula em 2009 com diplomas suspeitos, 39 estudantes com o mesmo problema no Uniceub neste ano e 11 no Iesb também em 2009.
OS NÚMEROS DA UNB
Campus Darcy Ribeiro (diurno)
Administração 5; Agronomia 4; Artes Cênicas 2; Ciência da Computação 1; Ciências Biológicas 4; Ciências Farmacêuticas 2; Ciências Sociais 3; Comunicação Social 2; Educação Física 3; Engenharia Civil 2; Engenharia da Computação 4; Engenharia Elétrica 2; Engenharia Florestal 9; Engenharia Mecânica 2; Estatística 1; Física 1; Geologia 2; Letras/Tradução - Inglês 1; Matemática 1; Medicina Veterinária 3; Museologia 1; Nutrição 10; Pedagogia 3; e Serviço Social 2.
Campus Darcy Ribeiro (noturno)
Ciências Ambientais 2; Engenharia de Produção 1; História 1; Letras/Japonês 1; e
Letras/Português 1.
Campus UnB Ceilândia
Enfermagem 2; Fisioterapia 3; Farmácia 3; e Terapia Ocupacional 1.
Câmpus UnB Gama
Engenharia 3
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