Brasília, quarta-feira, 17 de novembro de 2010 - 12:55
IMPOSTO DO CHEQUE
Discussão na Câmara sobre criação da nova CPMF fica para 2011
Fonte: Portal iG
Em meio à transição, líderes ouvidos pelo iG são contra regulamentação da Emenda 29, mas a favor de aumento de repasses ao setor
O clima no Congresso Nacional neste fim de ano afasta qualquer possibilidade de retomada da CPMF, o antigo imposto do cheque, antes da virada dos mandatos.
Isso porque o artifício processual criado pela oposição exige que os deputados federais votem nominalmente pela aprovação da recriação de um novo tributo, para substituir a cobrança extinta em 2007.
O texto que tramita atualmente na Câmara é um destaque do deputado Antônio Carlos Magalhães Neto (DEM-BA) à Emenda Constitucional 29, de 2000, vinda do Senado, que implica no esvaziamento da contribuição, extinguindo a sua base de cálculo.
A emenda original, de autoria do senador Tião Viana (PT-AC), previa destinação obrigatória de 10% da receita bruta da União para a saúde.
Mas, com a queda da CPMF no Congresso em 2007, o governo inseriu nesse projeto a previsão de criação da Contribuição Social para Saúde (CSS).
A CSS funcionaria exatamente nos mesmos moldes da CPMF, com alíquota de 0,1% sobre toda movimentação no sistema financeiro - um acréscimo de R$ 12 bilhões na receita, valor que seria totalmente investido para a saúde.
A polêmica dividiu a Casa. Embora a maior parte dos líderes ouvidos pelo iG tenha se posicionado contra a criação do novo imposto, alguns defendem mecanismos que destinem mais recursos para a saúde.
É o caso do líder do PSOL, Ivan Valente (SP), do líder do PR, Sandro Mabel (GO) e do primeiro vice do PDT, deputado Dagoberto Nogueira (MS). Estes dois últimos, por exemplo, se dizem a favor da criação de um fundo com impostos arrecadados nas casas de jogos.
Prioridades
Para o líder do PMDB, Henrique Eduardo Alves (RN), no entanto, a prioridade é discutir a reforma tributária.
Ele afirma também que a regulamentação da Emenda 29 só será retomada no ano que vem - justamente quando o governo, com as fileiras ampliadas em ambas as Casas, terá mais tranquilidade para votar projetos.
"Criar um novo imposto nessa hora não é o ideal", assinala o peemedebista.
"O momento não é oportuno devido ao pós-eleição e porque não há como destinar recursos sem ter uma fonte. Primeiro é preciso discutir a reforma tributária. Para o governo, ampliar responsabilidades sem ter uma fonte de financiamento só vai agravar o problema."
Um dos empecilhos para que a matéria ande na Casa é a votação nominal do destaque, uma vez que a digital dos parlamentares a favor da criação de uma nova contribuição, tendo em vista o debate sobre a já elevada carga tributária do país, pode render dividendos negativos frente ao eleitorado.
Nem mesmo as lideranças partidárias governistas fecharam uma definição sobre como proceder na votação. O líder do PT, deputado Fernando Ferro, diz que o tema ainda é alvo de negociação.
"Há outras votações importantes na pauta, como o pré-sal e o Orçamento, e precisamos chegar em um acordo com o governo."
Tramitação
Após ser votado na Câmara, o projeto volta para o Senado e depois segue para sanção presidencial. O prazo para que entre em vigor é de 90 dias.
Antes da eleição, a matéria foi usada pela oposição como forma de obstruir a votação de projetos do interesse do governo.
Com a divisão na base governista, agora tenta de toda forma colocar a Emenda 29 em pauta. Mas, em meio à transição do governo, os líderes oposicionistas têm pouca esperança de conseguirem regulamentar a matéria.
"Nada mudou. É prioridade mais do unca, mais do que qualquer fantasia como o pré-sal", diz o líder PSDB, João Almeida (BA).
"Isto é um tema real, que tem a ver com a vida das pessoas. Mas temos poucas ferramentas para garantir a votação da matéria. Antes da eleição, quando éramos mais forte, não conseguimos".
Já o líder do PPS, Fernando Coruja (SC), diz que a criação do novo imposto tem impacto negativo nas contas do governo e defende a aplicação de mais de recursos por parte da União. "O que defendemos é que esse tributo tem impacto negativo", afirma.
"Se voltar ao Senado, apenas parte da proposta deve ser aprovada, sem acerto. Vinculá-la à reforma tributária é uma despreocupação. A União tem é que aplicar mais recursos."
Últimas notícias
PL prevê volta da assistência sindical na homologação de demissões
10/6 - 10:7 |
Prazo para inscrição no Enem 2025 é prorrogado até sexta-feira (13)
6/6 - 15:22 |
SAEP convoca filiados para Assembleia de eleição dos delegados que irão para o 11º Conatee
5/6 - 17:53 |
SAEP apoia greve dos professores da rede pública; docente mal remunerado é descompromisso com educação de qualidade
3/6 - 18:24 |
Racismo: discriminação na UCB reacende debate, que sempre volta porque não é enfrentado como problema de Estado
Notícias relacionadas
A ilusão da “pejotização” impulsionada ao custo da CLT “memerizada”
28/4 - 17:47 |
1º de maio: Brasília terá marcha para levar reivindicações a Lula
10/2 - 10:22 |
Dispensa de IR para até R$ 5 mil beneficiará categoria
7/2 - 8:24 |
Prioridade dos trabalhadores, entidades organizam consulta sobre jornada 6x1
28/11 - 16:2 |
Fazenda propõe isenção no IR para ganhos até R$ 5 mil mensais