Copom mantém Selic em 10,50% ao ano e dificulta ciclo virtuoso na economia das famílias

Brasília-DF, domingo, 24 de novembro de 2024


Brasília, sexta-feira, 2 de agosto de 2024 - 19:55

Copom mantém Selic em 10,50% ao ano e dificulta ciclo virtuoso na economia das famílias

Decisão é anunciada poucos dias após mobilização sindical em capitais do País, com proposito de reduzir os juros

Foto: Marcela Rodrigues – CTB.
Centrais sindicais e sindicatos protestaram contra a manutenção da Selic em patamar elevado.

O anúncio da manutenção da Selic em 10,50% a.a. foi feito pelo Copom (Comitê de Política Monetária), por meio de nota, na da última noite da quarta-feira (31). A decisão foi unânime e o órgão do BCB (Banco Central do Brasil) justificou a medida devido às incertezas no quadro internacional.

Na lista, citou a flexibilização monetária nos Estados Unidos — com desvalorização do câmbio por aqui — e o cenário de inflação em diversos países — com bancos centrais determinados a conduzir as taxas ao nível das respectivas metas, em ambiente de pressões nos mercados de trabalho. 

Um dia antes da decisão do Copom, centrais sindicais se mobilizaram em diversas capitais com movimentos pela redução da Selic. Em Brasília, os atos foram na Rodoviária do Plano Piloto e em frente à sede do Banco Central.

Sindicalistas apontaram que juros altos encarecem produtos e dificultam investimentos governamentais em políticas sociais, com menos recursos para Saúde e Educação. A população de menor renda é a que mais sente diretamente os impactos do controle monetário, porque fica impossibilitada, por exemplo, de comprar a prazo.

Com juro alto, o cartão de crédito tem pesado no orçamento das famílias. Pesquisa da CNC (Confederação Nacional de Bens, Serviços e Turismo) apurou que, em junho deste ano, 78,8% dos brasileiros estavam endividados.  

Culpados
Meses antes, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, já defendia a manutenção da Selic no atual patamar. Foi em abril, quando o IBGE divulgou o menor índice de desemprego no primeiro trimestre desde 2014 (7,9%) e, em entrevista à CNN Brasil, Neto afirmou que o aquecimento do mercado de trabalho, com melhoria de salários, aumentaria o consumo e elevaria a inflação.

A fala foi rebatida pelo próprio presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), durante evento oficial de anúncio das novas obras do PAC. “Significa que, para não ter inflação, o povo precisa ganhar pouco? Será que essa pessoa não tem respeito?”, indagou Lula, que desde que assumiu o governo tem pleiteado pela redução da Selic. 

A taxa segue em queda desde agosto de 2023, quando saiu de 13,75%.

Para o movimento sindical, o discurso do presidente do BC tenta responsabilizar o trabalhador pela falha na gestão da política monetária do País diante da crise capitalista em todo o mundo.

Ao contrário da afirmação de Campos Neto, dados do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados) indicam que, em junho, apesar da alta de empregos (201,7 mil) o salário médio de admissão foi de R$ 2.132,82. A redução salarial foi criticada pelo ministro do Trabalho e Emprego, Luiz Marinho.

“Quanto maior a renda do trabalhador, maior a massa salarial. Significa melhorar o nível de consumo das famílias para bens duráveis e, portanto, para a indústria produzir mais e crescer mais”, afirmou Marinho, após o anúncio dos números.

Dívida x despesas
A Selic também é parâmetro para a correção monetária da dívida pública do País. Somente em junho foram gastos R$ 94,9 bilhões com os serviços financeiros. Valor que poderia ser destinado a investimentos para a população, com melhoria em infraestrutura, serviços de atenção básica e geração de empregos.

Com o valor, seria possível destinar R$ 1.412 de BPC (Benefício de Prestação Continuada) durante 1 ano a quase todos os 5,9 milhões de idosos beneficiários do programa.

Enquanto isso, o Ministério da Fazenda determinou, em junho, o bloqueio de R$ 11,2 bilhões e contingenciamento de R$ 3,8 bilhões do Orçamento, para cumprir as regras do arcabouço fiscal e preservar a meta de déficit zero das despesas públicas de 2024.

Futuros ajustes
Na nota, o Copom informou que, ao decidir pela manutenção da taxa, ponderou sobre a importância de monitorar as movimentações fiscais e manter serenidade e moderação na condução da política monetária, embora no Brasil o processo seja de desinflação, que tende a ser mais lenta.

“A política monetária deve se manter contracionista por tempo suficiente em patamar que consolide não apenas o processo de desinflação como também a ancoragem das expectativas em torno da meta”, afirma o Comitê sobre possíveis novos ajustes na Selic.

Os índices aplicados à moeda mais forte do planeta influenciam. Ainda na última quarta-feira, o Fed (Federal Reserve), banco central dos EUA, anunciou manter juros na faixa de 5,25% a 5,50%. Redução é aguardada para setembro, e poderá interferir no índice brasileiro.

Sobre a Selic
A Selic é a taxa básica que dita os juros na economia. Criada em 1999, é definida a cada 45 dias, para mais ou para menos, a depender da inflação e da movimentação econômica do País. A função é controlar a inflação, mantendo o poder de compra. Por isso, a taxa Selic serve como base para todas as outras taxas de juros praticadas no Brasil.

Quando a inflação cresce, a tendência é a taxa Selic subir, provocando elevação de juros de empréstimos, financiamentos e crédito. Desse modo, há redução no consumo com consequente alta de preços. Com inflação baixa, o comportamento é o inverso:  menos juros, maior e mais capacidade de consumo das famílias.









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