Brasília, segunda-feira, 27 de julho de 2009 - 9:4
VOLTA ÀS AULAS
Gripe A: calendário de aulas mantido
Fonte: Correio Braziliense
Escolas particulares não adiarão o início do segundo semestre letivo. Mas aulas podem ser suspensas se o governo assim determinar

Em caso de risco de contaminação pelo vírus da gripe A (H1N1), popularmente conhecida como gripe suína, o Governo do Distrito Federal comunicará o Sindicato dos Estabelecimentos Particulares de Ensino do Distrito Federal (Sinepe-DF) para que as aulas nas 450 escolas privadas sejam suspensas.
O assunto foi discutido, na noite de sexta-feira (24), pela presidente da entidade, Amábile Pacios, com os setores do Executivo envolvidos na questão: as secretarias de Governo, Educação e Saúde.
Apesar da suspensão por uma semana das aulas que começariam nesta segunda-feira na rede pública, o calendário das escolas particulares está mantido até segunda ordem. Em vários estabelecimentos, o semestre começa amanhã.
A presidente do Sinepe avalia que não há motivos para preocupações, já que até o momento não houve registro de nenhum caso de contaminação pela gripe A (H1N1) entre os 300 mil alunos matriculados na rede particular.
As escolas receberam cartazes e informações do Ministério da Saúde e vão orientar os alunos com resfriados ou sintomas de gripe a permanecerem em casa.
"Fiquei tranquila depois de conversar com representantes do GDF. Se as secretarias de Educação e Saúde tiverem algum motivo para preocupação, seremos avisados, e o próprio governo tem autonomia para suspender as aulas também nas escolas particulares", diz Amábiles.
"Por enquanto, não há motivos para preocupação porque estamos preparados para enfrentar o semestre", acrescenta.
De acordo com Amábiles, a situação das escolas públicas é diferente das particulares. Na rede mantida com recursos do governo, a secretaria de Educação precisa de um prazo para comprar sabonetes líquidos, lenços de papel e termômetros e treinar o pessoal.
As escolas particulares já estão equipadas, e os professores receberam informações sobre os procedimentos a serem adotados em caso de suspeita de casos desde maio.
Também nas escolas públicas, não há motivos para alarde, segundo o secretário de Educação, José Luiz Valente. "Não existe estado de pânico. A situação é única e exclusivamente para informação e capacitação dos professores", reforça Valente.
Qualificação
As aulas que seriam iniciadas amanhã vão começar no próximo dia 3 de agosto. A princípio, não há indícios de necessidade de ampliação do prazo de suspensão das atividades.
O adiamento do início das aulas ocorreu para treinamento dos professores e orientadores de ensino.
Entre terça e quinta-feira, os funcionários das escolas passarão por processo de qualificação sobre os sintomas da gripe A (H1N1), formas de prevenção e de proliferação do vírus, além de identificação de possíveis focos.
Na sexta-feira, os professores receberão treinamento para atuarem como multiplicadores.
Também nas 620 escolas da rede pública, nenhum caso de gripe A (H1N1) foi registrado entre os 520 mil alunos. Para o secretário de Educação, no entanto, isso é questão de tempo devido ao crescimento do número de contaminações no país.
"Com certeza, haverá casos. Mas estamos trabalhando para estarmos preparados quando isso acontecer." A expectativa da Secretaria de Educação é de que os alunos transfiram aos familiares em casa os conhecimentos sobre a doença.
O governo também garante que todas as aulas perdidas serão repostas. Cada escola vai preparar um calendário próprio de reposição sem prejuízo pedagógico.
Dados oficiais
Segundo os dados mais recentes do Ministério da Saúde, a gripe suína já provocou a morte de 33 pessoas no Brasil.
Assim, a taxa de mortalidade nacional — que leva em conta o número de óbitos em relação à população — está em 0,015%. Na Argentina, onde já foram registradas 160 mortes, o índice é de 0,4%.
Gel e informação contra o vírus
Flávia Foreque
Embora as escolas particulares do Distrito Federal mantenham o calendário de aulas, diretores de instituições de ensino privadas tomaram precauções para lidar com a gripe suína.
Palestras para os professores, atenção com a saúde dos alunos e informativos para a família são medidas adotadas pelos colégios da capital.
Na semana passada, coordenadores e orientadores do Centro Educacional Católica, por exemplo, receberam informações sobre como abordar o assunto entre pais e alunos.
O colégio, com 3,8 mil estudantes entre ensino fundamental e médio, pretende enviar uma carta, no primeiro dia de aula, informando aos pais os cuidados necessários para evitar a circulação do vírus.
Os profissionais da escola também conversarão com os alunos sobre a questão. No caso dos menores, a intenção é fazer demonstrações de como se prevenir da nova doença: lavar as mãos com frequência e evitar o compartilhamento de objetos pessoais, por exemplo.
"Se a gente perceber uma real necessidade demonstrada pela elevação do número de casos em Brasília, a gente pode tomar uma providência um pouco mais radical. Mas, no momento, não vemos essa necessidade", diz o diretor-geral do Centro Educacional Católica, Enéas Portugal.
O diretor destaca, no entanto, que os cuidados serão tomados sem grandes sobressaltos.
"A reação das crianças é proporcional à reação que a escola e os familiares manifestam. Ao mesmo tempo que temos que tratar o assunto com seriedade, não podemos supervalorizar o problema", diz.
Cerca de 100 tubos de álcool em gel foram adquiridos pelo colégio Marista João Paulo II para garantir a limpeza das mãos de estudantes.
A vice-diretora pedagógica da instituição, Clotilde Campos, afirma que os profissionais da escola foram orientados a passar o produto nas mãos dos alunos durante o turno de aulas.
Funcionários responsáveis pela limpeza do colégio também foram avisados para redobrar a atenção no cuidado com maçanetas e objetos de utilização coletiva, como teclados do laboratório de computação.
"Estamos tratando o assunto com cautela. Não é para achar que (a doença) é bobagem e só acontece com países vizinhos. Nós também estamos preocupados", declara a diretora.
Risco na pediatria
A redução do número de pediatras que atendem por meio de convênios na rede particular é uma preocupação a mais para os pais em tempos de gripe suína.
Há duas semanas, os médicos dessa especialidade anunciaram a rescisão dos contratos com 55 planos de saúde. Mas o presidente da Sociedade Brasileira de Pediatra no DF, Dennis Alexander, diz que a medida não terá impactos imediatos.
Isso porque os contratos só são definitivamente cancelados 60 dias depois do envio do comunicado à operadora. "Os efeitos dessa quebra de contrato serão sentidos pelos usuários apenas em setembro", afirma Dennis.
O presidente da entidade lembra que crianças menores de dois anos estão no grupo de risco e são mais vulneráveis ao novo vírus.
"Apesar de a gripe estar disseminada no país, já temos informações claras sobre o perfil do vírus e sabemos que ele não é mais agressivo que os outros tipos de gripe. O cuidado deve ser para que a disseminação não seja tão intensa", explica o especialista.
"Crianças menores de dois anos, adultos acima de 65 anos e pessoas com doenças crônicas, cardíacas, pulmonares, além dos obesos, devem se proteger melhor. Mas não há necessidade de ficar neurótico", finaliza o pediatra. (AMC e HM)
Números
Rede pública Rede particular
Escolas 620 450
Alunos 520 mil 300 mil
Eu acho...
Maria da Luz,
43 anos , dona de casa
"Eles disseram que quando estivesse gripado tinha que ficar em casa – e meus filhos estão gripados. Meu filho achou ruim ficar em casa, mas adiando um pouco é melhor. Eu fico com medo porque nos outros lugares as pessoas estão morrendo. Ainda bem que aqui não está acontecendo tantas mortes."
João Braz,
28 anos, policial federal
"Deveria ser para todo mundo, escolas públicas e privadas. Como medida de prevenção foi uma decisão boa, mas eu acho que a Secretaria de Educação deveria recomendar às particulares também. Em Brasília a situação está tranquila, mas eu evito lugares fechados."
Ariadna Herciliane Silva,
31 anos, dona de casa
"Eu acho bom porque dá tempo de orientar os professores para tomar providências em caso de identificarem alguma criança doente. Tem muitas crianças que viajam com os parentes e isso a gente não tem como saber. No caso das particulares, acho que elas já estão com orientação boa, já tomaram medidas de prevenção."
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