Auxiliares decidem fazer greve na FTB por falta de pagamento

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Brasília, terça-feira, 31 de março de 2009 - 17:40

PARALISAÇÃO

Auxiliares decidem fazer greve na FTB por falta de pagamento


Por: Daiana Lima

Os auxiliares de administração escolar da Faculdade da Terra de Brasília (FTB), em assembléia geral, realizada nesta segunda-feira (30), nos campi I (Recanto das Emas) e II (Samambaia), decidiram entrar em greve nesta quarta-feira, dia 1º de abril, até que a direção da faculdade resolva as pendências financeiras e administrativas da instituição com os trabalhadores

SAEP
Plenário da assembleia que decidiu pela greve a partir do dia 1° de abril

A FTB tem cerca de 150 auxiliares em administração, destes, 80 participaram da assembléia e 53 votaram favoravelmente à paralisação, 23 foram contrários e 4 abstiveram-se.

"Independente do resultado, o Sindicato sempre apoiará os auxiliares. Esta é uma decisão da categoria. Eles é que sabem o que estão passando, as dificuldades que enfrentam por causa da crise da faculdade. Também não podem pagar por isso, cada um tem seus compromissos financeiros", afirmou a vice-presidente do SAEP, Marilene Alves.

Participaram da reunião, além da vice-presidente do SAEP, a diretora de comunicação, Dayana Alves de Lima, e o diretor financeiro, Idenes de Jesus Sousa Cruz.

Hoje, inclusive, os diretores do SAEP fizerem uma panfletagem nos campi I e II anunciando a greve, a partir desta quarta.

Reivindicações
O que os auxiliares querem e exigem da FTB é, apenas, que seus direitos sejam respeitados. E isto, ultimamente, não tem acontecido. São vários os motivos que levaram a categoria à esta decisão:

- Atrasos salariais desde outubro de 2008;
- Não pagamento do INSS;
- Não pagamento do FGTS;
- Parcelamento do 13º e férias; e
- Não pagamento dos vencimentos desde fevereiro de 2009.

Os trabalhadores não querem, com isso, prejudicar a instituição e muito menos os alunos. Todos têm compromissos financeiros, como aluguel, conta de luz, água etc. Dependem dessa renda e a direção da FTB não pode ignorar seus direitos e necessidades.

Denúncias
A votação foi feita em forma de voto secreto, pois, uma nota circular denunciou que os auxiliares da instituição estão sendo pressionados a não fazer greve. Caso contrário, serão perseguidos até serem demitidos.

"As pessoas que tinham urgências, como aluguel, tinham que ir na mantenedora implorar, quase chorando, para receber alguma coisa. Inclusive teve um funcionário que foi lá pedir porque tava com o aluguel atrasado, e ele foi mandado embora acusado de fazer motim", afirma uma auxiliar do campus II.

Outra trabalhadora da instituição denuncia que os próprios supervisores, que também são funcionários e passam pela mesma situação, estão pressionando os colegas supervisionados. "Alguns, nem o email avisando da reunião nos passou. Ficamos sabendo por outras pessoas", disse.

No entanto, o auxiliar de administração que ocupa, atualmente, o cargo de supervisor, Geraldo Pereira Filho, do campus II, defende que ninguém está sendo coagido. "Se eu estiver coagindo alguém, que eu seja demitido primeiro. Também estou há três meses sem receber", explica o auxiliar.

O supervisor participou das reuniões dos dois campi. Votou duas vezes e sempre contrário à paralisação.

Presença inoportuna
O professor Klesius Celestino, vice-diretor acadêmico, que em reunião, no dia 27, com a diretoria do SAEP, se comprometeu com o professor Vanderci Carrara,diretor e dono da FTB, de não participar da reunião do Sindicato com os auxiliares, para não coagir ninguém, apareceu na assembléia e, ainda, tomou a frente da reunião por um tempo.

Segundo o dirigente, ele também é funcionário e só foi para responder às perguntas feitas para a mantenedora. Depois disso, sairia. E realmente saiu, depois de bastante tempo. Só aí então, os diretores do SAEP puderam conversar com os auxiliares, que discutiram abertamente os problemas que estão enfrentando.

Durante o tempo que conversou com os auxiliares, Celestino afirmou que a direção da faculdade está buscando solução a longo prazo para pode investir. "A FTB precisa ter cara nova. Esse empréstimo é para investir, não para salvar folha de pagamento. Nosso objetivo é crescimento", informou o diretor da FTB.

"A instituição não funciona sem os auxiliares, da mesma forma que não funciona sem o professor. Tem data prevista para o pagamento. É o mesmo prazo que a direção deu para os professores, dez dias", explica Celestino que contou, também, que o "plano B" da mantenedora, caso não consiga o empréstimo da Caixa Econômica, é buscar outras instituições para fazer sociedade.

Compreensão do RH
A representante dos Recursos Humanos da FTB, Lílian de Mendonça Silva, participou da assembléia geral e disse entender a situação dos auxiliares.

"Eu tenho outra fonte de renda, meu marido é empresário, não dependo do meu salário. Entendo a situação de muitos aqui, que dependem dessa renda. É uma situação muito difícil que ninguém quer passar".

Apoio dos alunos
Muitos alunos da instituição compareceram à reunião e demonstram todo apoio à causa dos auxiliares. Eles saudaram, também, a decisão de fazer greve, em função do não cumprimento dos direitos trabalhistas.

"Eu não entendo o porque de não estarem pagando os funcionários. Só esse semestre eu paguei 7 mil à vista. Parabenizo vocês por esta decisão", se solidariza o estudante de medicina veterinária, Ricardo Diniz.

"Desde o final do ano a faculdade enfrenta crise, mas, de fevereiro para cá as coisas desandaram mesmo. Antes dava para conciliar as contas. Agora, o que a gente faz é contar com a ajuda da família. Eu espero que as coisas se resolvam logo, além de funcionária, eu sou aluna", conta a auxiliar e estudante Michele Regina.

Reunião com a mantenedora
Na sexta-feira passada (27), a diretoria do SAEP se reuniu com a direção da FTB na Casa Amarela (mantenedora) - participaram da reunião o diretor e dono da instituição, Vanderci Carrara, o vice-diretor, Klesius Celestino, e a representante dos Recursos Humanos, Lílian de Mendonça Silva.

No encontro, Carrara disse que, desde quando assumiu a faculdade, em 2004, enfrenta algumas dificuldades. "Um dos problemas da crise da FTB é de gestão. Acredito que na próxima semana possa sair a linha de crédito da Caixa, que resolverá todos os problemas", afirma.

O dono da instituição disse, ainda, que desde 2006 redesenha a faculdade para ela sobreviver. "Prefiro contar gastos desnecessários, como aluguel, do que mandar pessoal embora. Sou gerador de empregos, não há intenção de mandar ninguém embora. Acredito na educação. Quero crescer para gerar empregos", ressalta Carrara.

Apesar da crise da faculdade, o proprietário informou que está abrindo mais um campus em Brazlândia e está procurando todos os meios para resolver os problemas.

"Estamos vivendo uma crise pesada, mas não vou entregar os pontos. Não quero gerar desemprego. Estou mexendo com a vida das pessoas. Tendo uma resposta positiva da Caixa, vamos regularizar tudo", disse o dono da faculdade.

Carrara afirmou, também, que não vai vender a FTB e que busca apoio de políticos para conseguir outras alternativas para resolver a situação financeira da instituição. E, assim que tiver uma resposta concreta, vai avisar o Sindicato dos representante dos auxiliares para que se tome as providências necessárias.

Suspensão da greve
Lembramos que a paralisação pode ser suspensa a qualquer momento, desde que todos os direitos dos auxiliares sejam pagos ou a direção da faculdade apresente alguma alternativa que viabilize uma solução sustentável do problema.









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