O bolsonarismo define estratégia para 2026: o Senado Federal

Brasília-DF, domingo, 24 de novembro de 2024


Brasília, quinta-feira, 18 de julho de 2024 - 14:12      |      Atualizado em: 24 de julho de 2024 - 13:12

O bolsonarismo define estratégia para 2026: o Senado Federal


Por: Marcos Verlaine*

Em 2026, o povo brasileiro volta às urnas para eleger presidente da República, 27 governadores, 54 senadores — 2 por estado —, 513 deputados federais, 1.035 estaduais e 24 distritais (DF).

Plenário do Senado Federal | Foto: Agência Senado

Como o principal líder do bolsonarismo — apelido dado à extrema-direita brasileira — está inelegível até 2030 — esse segmento político, que até 2013 era irrelevante, ganhou força, musculatura e relevância político-eleitoral no País —, esse espectro já definiu o que quer em relação às eleições de 2026.

Eleger bancada expressiva de representantes ao Senado. Por que?

Isto quer dizer que a democracia brasileira está agendada. Não há dúvida que a extrema-direita vai disputar com reais condições de êxito a corrida ao Planalto. Além da Presidência da República, é certo que também irá disputar todos os demais cargos em jogo, com força eleitoral real.

Alguém tem dúvida que, mantendo-se essa polarização no País, o bolsonarismo vai eleger bancada numerosa de deputados federais? Já o fez em 2022 e vai repetir o feito em 2026.

O que está em jogo e por que
Diante da força eleitoral do bolsonarismo — que não se elege apenas no PL (Partido Liberal), pois está espraiado em todas as demais legendas de direita, até no PSDB, que não é tido como extremista —, a estratégia será jogar todas as fichas para eleger o máximo de senadores.

Nas eleições de 2026, estarão em disputa 54 cadeiras do Senado, 2 por Unidade da Federação. Na eleição de 2022, o bolsonarismo elegeu, das 27 cadeiras em disputa, 8 senadores do PL. Fora os eleitos por outros partidos e ainda os que estavam no exercício do mandato, tendo mais 4 anos pela frente na Casa. A bancada atual do PL é composta por 13 senadores.

É a 2ª bancada partidária, atrás do PSD, com 15 senadores, e à frente do MDB, com 11.

O bolsonarismo mira o Senado porque quer influenciar na escolha de ministro do Supremo Tribunal Federal na Casa. E ainda ter o poder, tendo número suficiente para tal iniciativa, de cassar o mandato de membros da Corte. O Senado define as indicações para o STF e também pode cassar, embora nunca o tenha feito, o mandato de magistrado da Suprema Corte.

O STF, além de guardião da Constituição, é corte constitucional, que dá a última palavra em tudo que diz respeito à interpretação da Lei Máxima do País.

Daí o interesse dos bolsonaristas em jogar todo o peso nas eleições para o Senado. Eles têm ranço contra a Supremo e querem controlá-lo.

Cenários possíveis
Em 2022, Bolsonaro elegeu senador, por São Paulo, o inexpressivo ex-astronauta Marcos Pontes. Em 2026, será proposto o chamado “voto casado” para lançar Eduardo Bolsonaro e Ricardo Salles, este último que já se apresentou para ser o segundo nome da chapa. Ambos tiveram votações expressivas para deputado federal na eleição passada.

Em Brasília a candidata pode ser Michelle Bolsonaro, compondo chapa com Bia Kicis. Na capital federal foi eleita, em 2022, Damares Alves, que sequer teve o apoio formal de Bolsonaro. Ela foi lançada por Michelle.

No Rio, Flávio Bolsonaro é candidato à reeleição. E Carlos Bolsonaro, atual vereador na capital fluminense, deve também disputar cadeira no Senado, mas por outro estado, para não atrapalhar a recandidatura do irmão mais velho.

Outros desconhecidos
Em Rondônia, Bolsonaro elegeu o desconhecido Jaime Bagattoli (PL), que é natural de Santa Catarina, empresário do agronegócio. Elegeu ainda, em SC, Jorge Seif (PL), que concorreu pela primeira vez em eleição e foi o vencedor. Ele bateu pesos pesados como Raimundo Colombo (PSD), ex-governador do estado, Dario Berger (PSB), ex-senador, e Celso Maldaner (MDB), ex-deputado.

Em Goiás, o bolsonarismo elegeu o empresário Wilder Moraes (PL), que já foi senador pelo estado, entre 2012 e 2019, quando assumiu a vaga de Demostenes Torres, que foi cassado. Ele venceu o ex-senador e ex-governador Marconi Perillo (PSDB).

Não se trata apenas de estratégia e ofensiva contra o Supremo, mas também à democracia e ao Estado de Direito.

Diante destes cenários, não é exagero pensar e dizer que a democracia brasileira está agendada.

Que o espírito e a ação do povo francês nos inspirem para barrar nas ruas e no voto esse intento antidemocrático.

(*) Jornalista, analista político e assessor parlamentar do Diap

Publicação original da Agência Diap.









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