Paim defende novo Estatuto do Trabalho para conter efeitos da automação

Brasília-DF, quarta-feira, 15 de outubro de 2025


Brasília, quarta-feira, 15 de outubro de 2025 - 15:8

Paim defende novo Estatuto do Trabalho para conter efeitos da automação

Em debate no Senado, participantes defendem novo marco regulatório das relações de trabalho para enfrentar os impactos da inteligência artificial sobre o emprego e a proteção social

Saulo Cruz/Agência Senado

Diante dos desafios da automação, com a expansão, por exemplo, do uso da IA (Inteligência Artificial) pode ampliar a desigualdade, reduzir empregos e enfraquecer a proteção trabalhista no Brasil.

O alerta foi feito por especialistas e representantes do governo federal durante audiência pública na CDH (Comissão de Direitos Humanos) do Senado, nesta segunda-feira (13).

O debate integra o ciclo de discussões sobre o novo Estatuto do Trabalho, proposto pelo senador Paulo Paim (PT-RS).

Paim, relator da SUG (Sugestão Legislativa) 12/18, defende a criação de novo marco regulatório trabalhista, em substituição à chamada Reforma Trabalhista, capaz de responder às transformações tecnológicas.

“O que está em jogo não é impedir o avanço tecnológico, mas garantir que ele sirva ao ser humano e não o contrário”, afirmou.

O senador citou estudo do FMI que estima que 40% dos empregos no mundo podem ser afetados pela IA, o que, segundo ele, exige “um novo contrato social” para evitar desemprego em massa e aumento da desigualdade.

Discriminação, com vigilância
O defensor público federal José Carvalho alertou para o risco de uso indevido da IA em decisões de contratação e demissão. Ele exemplificou, com tecnologias capazes de identificar doenças futuras por meio de gravações de voz ou imagem de trabalhadores.

“O dado pode servir à saúde preventiva ou à demissão antecipada. É preciso definir limites éticos e legais”, observou.

Carvalho também destacou que empresas já testam robôs humanoides com IA para substituir funções braçais, o que pode agravar a precarização em países com mão de obra barata.

Regulação em debate
O pesquisador da USP (Universidade de São Paulo) Thiago Gomes Marcílio defendeu o PL 2.338/23, de autoria do ex-presidente do Senado Rodrigo Pacheco (PSD-MG), que regulamenta o uso da IA.

Aprovado no Senado e em análise na Câmara, o projeto impõe regras mais rígidas para decisões automatizadas em recrutamento, promoções e demissões.

Marcílio alertou que a concorrência entre trabalhadores e máquinas tende a, por exemplo, pressionar salários e enfraquecer direitos previdenciários.

“A automação pode ampliar a informalidade e a exclusão social se não houver regulação firme”, disse.

Pejotização e novas formas de trabalho
A secretária de Políticas de Trabalho do Ministério do Trabalho e Emprego, Paula Montagner, destacou o avanço da pejotização em setores como comunicação e audiovisual, onde 56% dos profissionais já atuam sem vínculo celetista. Isto é, com carteira assinada.

“Esses trabalhadores perdem férias, 13º e contribuem menos à Previdência. A IA pode acelerar esse processo”, alertou.

O representante do Ministério da Ciência e Tecnologia, Hugo Valadares Siqueira, ponderou que a IA também pode permitir redução da jornada de trabalho e maior qualidade de vida, se aplicada de forma justa.

O PBIA (Plano Brasileiro de Inteligência Artificial) prevê capacitação e qualificação profissional, com 8 mil vagas em cursos específicos em 2024.

Novas oportunidades
O consultor legislativo do Senado Pedro Nery Ferreira destacou o potencial da IA para criar novas carreiras e ampliar o acesso a serviços especializados.

“A tecnologia pode gerar uma nova classe média. Profissionais com menor formação poderão alcançar resultados próximos aos de médicos ou advogados, com custos mais baixos para a população”, afirmou.

Novo Estatuto do Trabalho
O novo Estatuto do Trabalho, relatoria de Paulo Paim, foi concebido como alternativa à Reforma Trabalhista de 2017 (Lei 13.467), que flexibilizou direitos e ampliou formas precárias de contratação.

A proposta foi arquivada em 2022, mas reativada em 2023 e segue em debate na CDH.

Paim defende que o texto atualize a legislação diante dos impactos da automação e da inteligência artificial, com vistas àequilibrar inovação e justiça social.









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