Brasília, quinta-feira, 12 de março de 2009 - 16:0
ENCONTRO NACIONAL
Auxiliares: seminário nacional define estratégias para Conae
Os diretos do SAEP participaram, nos dias 7 e 8 de março, do Seminário Nacional de Preparação para a Conferência Nacional de Educação, que teve apoio do Ministério da Educação
No encontro, os cerca de 150 participantes, que representavam os trabalhadores do setor privado da educação de todo País, debateram e formularam propostas da categoria para todas as etapas de construção da Conae, que acontecerá em abril de 2010, e tem como objetivo, construir um sistema nacional de educação articulado.
A abertura do seminário contou com a presença da coordenadora geral da Contee, Madalena Guasco Peixoto, do secretário de assuntos educacionais da entidade e responsável pela organização do evento, José Thadeu de Almeida, e do secretário executivo-adjunto do MEC e coordenador da Conae, Francisco das Chagas, que substituiu o ministro da educação, Fernando Haddad.
Exposições da mesa
Iniciando as atividades, José Tadeu expôs os objetivos do encontro, da importância de se discutir a Conae. Lembrou, também, que este é um passo decisivo para a educação brasileira. "Vamos deixar marcado na história a importância da participação da sociedade civil na construção das políticas públicas do País. Nossa responsabilidade cresce na mesma proporção de nossa representatividade", ressaltou.
Em seguida, o secretário executivo-adjunto do MEC falou sobre a complexidade da composição de uma representação ampla e diversificada, que caracteriza a Comissão Nacional Organizadora, e que, consequentemente, se refletirá na composição da própria Conferência.
"A diversidade do setor educacional no Brasil é enorme. Somente na Comissão Nacional Organizadora temos 70 membros, entre titulares e suplentes, representando 57 entidades". Segundo Chagas, isto evidencia que a Conae não pertence ao MEC, que "é uma conferência da sociedade brasileira, coordenada pelo Ministério".
Documento-referência
O coordenador da Conae disse, ainda, que o documento-referência, elaborado pela organização da Conferência, tem sido muito elogiado. No entanto, é preciso que esta aceitação se reflita na criação de um Sistema Nacional articulado de Educação.
"Não podemos transformar a conferência em uma discussão sobre programas de educação. Por isso, fizemos um documento que aponta referências de diretrizes e de concepção de educação", enfatizou Francisco das Chagas, e, informou, também, que o Plano de Desenvolvimento da Educação (PDE) contribui no sentido de introduzir, no País, uma visão sistêmica da educação.
Para Madalena Guasco, a Conae é fruto de muita luta, e a própria criação de um sistema nacional também é uma reivindicação histórica dos movimentos sociais ligados à educação.
"Isto tem que estar articulado com um projeto de desenvolvimento para a construção de um país soberano e democrático, em que o Estado deve ser o responsável pela Educação. O problema é que o Brasil ainda não superou a disputa entre os interesses públicos e privados".
Alerta ao setor privado
A coordenadora geral da Conae acredita que entre a diversidade de representação de Estado, entes federados, pais, estudantes, entidades, gestores e empresários, o papel dos trabalhadores do setor privado de ensino na conferência será definir a concepção de educação que desejam para todo País.
"A estratégia para isto deverá ser a de delimitar as grandes questões, por meio das quais será preciso construir uma unidade, isolando os setores conservadores e privatistas e, ao mesmo tempo, fazendo com que sejam incorporados ao Sistema Nacional de Educação", afirma Madalena e, ainda, alerta sobre o setor privado de educação, especialmente agora diante da crise financeira mundial, que vai tentar garantir total desregulamentação e independência.
"A Conae será um espaço político que apontará qual é o pensamento do setor educacional brasileiro. Por isso, temos que construir uma unidade com os segmentos progressistas que deixe claro que educação não é mercadoria. Portanto, é fundamental incluir o setor privado no Sistema Nacional de Educação", enfatiza a coordenadora.
Palestras
A professora Regina Vinhaes Gracindo, membro do Conselho Nacional de Educação fez uma exposição sobre a "Avaliação do PNE e a articulação com o PDE". Ela analisou o atual Plano Nacional de Educação e mostrou seus pontos principais, sinalizando as metas não alcançadas.
"Vemos neste Governo um esforço em avançar sobre as metas qualitativas e quantitativas", afirma a professora. Regina, também, reforçou a necessidade da criação do Sistema Nacional de Educação. "Não é possível termos mais de 5 mil municípios no País e cada um adotar um plano curricular diferente. Isso impede a formação da cidadania", acredita.
Na seguencia, o diretor de programas do MEC e membro da equipe de coordenação da Conae, Arlindo Cavalcanti Queiroz, falou sobre "A Conae e o futuro da educação brasileira". De acordo com ele, no final da conferência, vamos ter um documento que dirá o que o Brasil pensa sobre educação e vai orientar a construção das próximas políticas públicas. Por isto, temos que agarrar essa oportunidade única.
Queiroz explicou, ainda, o processo de construção da conferência e a importância das etapas preparatórias municipais, intermunicipais e estaduais, de onde sairão propostas de emendas ao documento-referência.
Após as palestras, os participantes se reuniram em grupos para debater o documento-referência e apresentar indicativos e propostas de alterações ao texto. E, posteriormente, debatido pela plenária.
Outras exposições
Pesquisadora da Fiocruz, Aparecida Tiradentes, falou sobre "O setor privado de educação e seu papel no Sistema Nacional de Educação". Aparecida traçou um panorama da educação superior privada no contexto da intensificação e precarização do trabalho no neoliberalismo.
A pesquisadora acredita que não se pode desarticular as lutas sindicais do plano político, do trabalho e do pedagógico. "No setor privado, o grande coordenador da política pedagógica das IES é o acionista, o aligeiramento e a flexibilização curricular dos cursos rebate diretamente na questão das demissões e demais relações de trabalho", afirma a professora.
De acordo com a pesquisadora, os empresários de educação brasileiros, ao contrário do que querem parecer, estão de fato organizados e muito bem instrumentalizados para a disputa ideológica, até mesmo em função de articulações internacionais, que desejam e já praticam ingerência no setor educacional do país. "Ou o patronato vai pegar pesado na conferência ou vai passar ao largo dela, em busca de intervir de outra forma", conclui.
Propostas definadas
Os participantes apresentaram propostas de emendas ao documento-referência debatidas nos grupos.
Os indicativos serão agora analisados pela diretoria da Contee e encaminhados aos participantes do encontro, a fim de orientar a atuação dos representantes dos trabalhadores em educação do setor privado nas Conferências preparatórias para a Conae, que acontece durante todo o ano pelo País. (Com Contee)
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