DF: litro do etanol é o mais caro do país; sindicatos organizam boicote

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Brasília, terça-feira, 5 de abril de 2011 - 15:56

COMBUSTIVEIS

DF: litro do etanol é o mais caro do país; sindicatos organizam boicote


Fonte: Correio Braziliense

De acordo com os dados oficiais, o preço médio do etanol no DF é de R$ 2,837. O Rio Grande do Sul, em segundo lugar no ranking, vende o combustível por quase R$ 0,20 mais barato: R$ 2,641

Após a escalada do preço nas bombas, o Distrito Federal alcançou o primeiro lugar no ranking do litro do etanol mais caro do país. Este ano, o preço subiu oito vezes, uma variação de 39,9%.

Desde a segunda semana de janeiro, o valor médio cobrado na maioria dos postos saltou de R$ 2,03 para R$ 2,84, uma diferença de R$ 0,81.

O último reajuste chegou ao consumidor na semana passada, quando o DF registrou, pela segunda vez consecutiva, a maior alta do país: 15,46%.

Os números do levantamento da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) indicam que, além de apresentar o preço mais alto entre as 27 unidades da Federação, os postos do DF aplicam a maior margem de lucro.

Em relação à gasolina, que custa em média R$ 2,878, o DF aparece em sexto lugar (veja arte ao lado).

De acordo com os dados oficiais, o preço médio do etanol no DF é de R$ 2,837. O Rio Grande do Sul, em segundo lugar no ranking, vende o combustível por quase R$ 0,20 mais barato: R$ 2,641.

Na capital, Porto Alegre, a ANP encontrou, em 84 postos pesquisados, 15 preços diferentes, variando entre R$ 2,370 a R$ 2,799.

No DF, técnicos da agência visitaram 80 estabelecimentos e se depararam com somente dois valores: R$ 2,80 em sete estabelecimentos (Taguatinga, Santa Maria, Núcleo Bandeirante, Gama e Asa Norte) e R$ 2,84 nos demais.

O levantamento foi realizado entre 27 de março e 2 de abril.

Não bastasse a quase nula variação de preços, os postos do DF, ainda com base nos números divulgados pela ANP, adotam a maior margem de lucro do país ao definir o valor final do combustível.

O levantamento aponta que o litro do etanol saiu das distribuidoras, na última semana, em média a R$ 2,381.

A diferença de R$ 0,456 em relação ao preço praticando nas bombas supera a observada em todos os estados.

Em terceiro lugar no ranking mais recente do etanol mais caro do Brasil, está Roraima (R$ 2,639), seguido de Amapá (R$ 2,558), Santa Catarina (R$ 2,550) e Espírito Santo (R$ 2,437). O menor preço médio foi encontrado na Paraíba: R$ 1,991.

Brasília tem o valor mais alto entre as capitais e, se considerada como município, fica atrás somente de Cruzeiro do Sul, no Acre, e Itaituba, no Pará. Em ambas, o etanol é vendido a R$ 2,90.

O preço do derivado da cana-de-açúcar no DF, encostado no da gasolina, é o maior da história. Em 2010, o combustível atingiu o pico em março, quando custou aos brasilienses R$ 2,35.

Os carros flex, segundo o Departamento de Trânsito (Detran), representam 41% da frota do DF. Mas a possibilidade de abastecer com etanol ou gasolina não tem valido a pena.

Desde 2009, não é vantajoso abastecer com etanol na capital do país. Em todo o Brasil, a desvantagem se generalizou na semana passada, segundo o levantamento da ANP.

Consumo em baixa
Frentistas e gerentes de postos contam que o consumo de etanol praticamente inexiste nos postos.

Segundo eles, só continuam enchendo o tanque com o combustível donos de carros antigos, que não têm saída a não ser encarar o preço atual.

O lanterneiro Antônio Francisco de Castro, 54 anos, que tem um veículo flex, não se lembra da última vez em que abasteceu com etanol.

"Nem precisa mais fazer as contas, estão abusando da gente", disse enquanto colocava R$ 15 de gasolina, para sair da reserva. Ele gasta cerca de R$ 500 com combustível por mês, equivalente a quase um terço do salário. "Os aumentos nem assustam mais. A gente precisa fazer alguma coisa", completou o consultor de informática Thiago Vinícius Araújo, 24, também dono de carro flex.

O presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Combustíveis e de Lubrificantes do DF (Sindicombustíveis-DF), José Carlos Ulhôa, afirmou nesta segunda (4) que não comentaria o último levantamento da ANP, "em função de uma série de erros cometidos pela agência".

Ele informou que, desde 24 de março, as distribuidoras têm cobrado dos postos R$ 2,476 pelo litro do etanol. Não é a primeira vez que Ulhôa contesta a ANP.

No fim de 2009, ao questionar os dados oficiais, o presidente da entidade levou uma advertência, mas diz ter conseguido provar os "equívocos" da agência.

"O sindicato já mandou ofício para a ANP, os advogados já estão acionando a Fecombustíveis (Federação Nacional do Comércio de Combustíveis e de Lubrificantes), não tenho o que falar", comentou.

Na semana passada, a Secretaria de Direito Econômico (SDE) do Ministério da Justiça anunciou que a investigação sobre um possível cartel no DF não está parada e adiantou que há indícios de que o Sindicombustíveis-DF estaria interferindo nos preços praticados pelos postos.

A Polícia Civil do DF também começou a apurar se há ou não prática criminosa. Não está descartada a possibilidade de a Polícia Federal entrar no caso.

Nesta segunda (4), representantes de entidades de classe se reuniram pela segunda vez para organizar boicote contra as maiores redes do mercado.

O protesto deve ser realizado ainda este mês e durará, pelo menos, 15 dias, de acordo com os organizadores.

Sem qualquer vantagem
O etanol perdeu a competitividade sobre a gasolina em todo o Brasil, segundo o último levantamento da ANP.

O aumento dos combustíveis preocupa. Eles foram os principais responsáveis pela alta de 0,35% no Índice de Preços ao Consumidor (IPC) em março.

De acordo com especialistas, o álcool é vantajoso quando o litro dele custa até 70% do valor da gasolina.

O cálculo é o seguinte: multiplique o preço da gasolina por 0,7.

O resultado da conta é o valor máximo que deve ser pago pelo álcool. Para que, atualmente, o etanol fosse vantajoso no DF, ele deveria valer, no máximo, R$ 2,00, mas está sendo comercializado a R$ 2,84.









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