Caso Sarah Raissa impulsiona urgência por regulação de redes

Brasília-DF, sábado, 19 de abril de 2025


Brasília, quinta-feira, 17 de abril de 2025 - 18:24

Caso Sarah Raissa impulsiona urgência por regulação de redes

Polícia rastreia origem do vídeo para descobrir quem compartilhou “desafio do desodorante”, que resultou na morte da menina de 8 anos. De 2014 a 2025, 56 crianças ou adolescentes ficaram feridos ou morreram por “jogos” arriscados na internet

Imagem gerada por Inteligência Artificial do ChatGPT.

Sarah Raissa é mais 1 das 56 vítimas desse tipo de “jogo” on-line. O dado é do Instituto DimiCuida — referência para o MJSP (Ministério da Justiça e Segurança Pública) no monitoramento desse tipo de violência, a ciberviolência.

O MJSP acompanha a investigação do caso de Sarah. Morte da menina em Ceilândia (DF) reforça a urgência por regulação das redes sociais.

A pasta possui Comitê Consultivo para verificação etária em serviços digitais, mas aponta que a classificação indicativa não é suficiente. O Ministério defende a criação de 1 aplicativo que restrinja o acesso de crianças e adolescentes a conteúdos inapropriados na internet.

Desafios on-line
São provocações disfarçadas de “jogos” e “competições”, que incentivam pessoas a cumprirem desafio diante das câmeras. Ao vivo ou gravados e compartilhados os vídeos geram inúmeras visualizações.

A prática é classificada como "ciberviolência", que é qualquer ação que visa causar sofrimento ou dano por meio de tecnologias digitais, como redes sociais, celulares e câmeras fotográficas.

Senado quer explicações
Após mais essa morte trágica, na última terça-feira (15), a CDH (Comissão de Direitos Humanos) do Senado Federal encaminhou pedido oficial de explicações às redes sociais sobre a propagação de conteúdos que ameacem a integridade de crianças e adolescentes.

As plataformas devem responder quais medidas aplicam para evitar essas publicações e como reagem ao identificar o compartilhamento do material em seus canais — se há identificação e punição de responsáveis.

Mas o enfrentamento pode vir por meio do esclarecimento.

Educação digital no combate
No mesmo dia, a senadora Teresa Leitão (PT-PE) apresentou o PL (Projeto de Lei) 1.010/25, que prevê a inclusão do tema nos ensinos fundamental e médio.

A senadora destacou que 25 milhões de jovens entre 9 e 17 anos estão conectados e 44% das crianças com até 2 anos já acessam a internet. Ela citou o “universo” criado pelo uso do celular como motivador na busca por soluções.

Assim, em aspectos gerais, a proposta visa promover pensamento crítico na educação básica pública e privada, como mecanismo para enfrentar desinformação, discursos de ódio e uso indevido das tecnologias.

2 presos e 7 apreendidos
Ainda na terça-feira, a Secretaria Nacional de Segurança do MJSP deu apoio à Operação Adolescência Segura da PCRJ (Polícia Civil do Rio de Janeiro).

Orientada a crimes digitais, a operação foi realizada em 7 estados: Goiás, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Paraná, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e São Paulo.

Policiais prenderam 2 adultos e cumpriram 7 mandados de internação provisória — parte dos autores era menor de idade na data dos crimes. Também cumpriram 20 mandados de busca e apreensão.

Plateia virtual
A investigação apurou que, em plataformas de mensagens criptografadas como Discord e Telegram, os grupos estimulavam atos de automutilação, suicídio, maus-tratos a animais, faziam apologia ao nazismo e armazenavam e divulgavam pornografia infantil.

Crimes eram transmitidos e assistidos em tempo real.

Em fevereiro deste ano, 1 adolescente jogou coquetel molotov contra homem em situação de rua, no Rio de Janeiro.  A vítima teve 70% do corpo queimado. Do outro lado da tela, a plateia virtual acompanhou tudo.

Sinais de alerta
Segundo o Instituto DimiCuida, existem “jogos” de não-oxigenação — buscam euforia ou relaxamento com o corte da passagem de ar para o cérebro, que na verdade é a morte de neurônios — e existem os “jogos” de desafio e agressão — que podem envolver fogo, produtos de higiene ou limpeza.

Ocorrem em escolas públicas ou privadas, mas alunos vítimas de bullying estão mais propensos a ceder. O instituto indica alguns sinais de alerta.

● Físicos: dores de cabeça; distúrbios visuais passageiros; marcas no pescoço; cansaço; falta de concentração, esquecimento, perda breve de consciência; zumbidos na orelha; bochechas vermelhas.

● Comportamentais: agressividade; isolamento; mudança de humor; perguntas sobre efeitos, sensações e riscos de alguma prática; desorientação após um tempo isolado, que pode ser associado ao tempo de uso contínuo da internet; roupas de gola alta, mangas e calças cobrindo marcas no corpo.

Relembre caso Sarah Raissa
Sarah Raissa, de 8 anos, foi encontrada desacordada, na quinta-feira (10), no sofá de casa. Ao lado do corpo estavam o celular da menina, frasco de desodorante aerossol e almofada encharcada com o produto.

A criança foi atendida pelo Samu e levada ao HRC (Hospital Regional de Ceilândia). A equipe médica identificou a morte cerebral e, no domingo (13), confirmou o óbito.

As condições indicam que Sarah reproduziu “trend” — vídeo popular —  compartilhado entre crianças e adolescentes em rede social.

Quando inalado, o aerossol rapidamente alcança os brônquios do pulmão, o que compromete a oxigenação.

O celular de Sarah passará por perícia da PCDF (Polícia Civil do Distrito Federal). A partir dos registros no aparelho, investigadores terão acesso ao histórico de pesquisas e poderão rastrear a origem do vídeo que estimulou a menina a participar do “desafio”.

Os responsáveis pela propagação do vídeo podem responder pelo crime de homicídio duplamente qualificado e pegar pena de até 30 anos de reclusão.









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