Empresas voltam a contratar, mas salários estão mais baixos

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Brasília, terça-feira, 11 de agosto de 2009 - 13:23

CRISE ECONÔMICA

Empresas voltam a contratar, mas salários estão mais baixos


Fonte: Gazeta do Povo, no Diap

A remuneração no mercado sofreu um achatamento que varia de 25% a 30% nos últimos meses. Uma companhia que antes da crise oferecia um salário de R$ 10 mil por um cargo de gerente financeiro, hoje está disposta a pagar no máximo R$ 7 mil

O pior da crise parece ter ficado para trás e as empresas voltaram a contratar.

Mas quem está à procura de uma vaga já sentiu uma diferença significativa no mercado de trabalho: os salários oferecidos estão mais baixos e o nível de exigência de qualificação está maior.

Segundo empresas especializadas em recrutamento, a remuneração no mercado sofreu um achatamento que varia de 25% a 30% nos últimos meses.

Uma companhia que antes da crise oferecia um salário de R$ 10 mil por um cargo de gerente financeiro, hoje está disposta a pagar no máximo R$ 7 mil, segundo Gerusa Mengarda, gerente de recrutamento e seleção da Allis, uma das maiores empresas desse segmento no País.

"Além disso, as empresas também estão cortando benefícios, como vale-refeição e auxílio-saúde", afirma.

O movimento obedece à velha lei da oferta e da procura. Com menos vagas disponíveis e mais trabalhadores desempregados, aumentou o número de pessoas dispostas a conseguir um emprego com remuneração mais baixa.

De acordo com Melina Graf, gerente de planejamento de carreira da Ricardo Xavier Recursos Humanos, o mercado ainda está em uma fase intermediária de recuperação.

"As vagas que estão surgindo são aquelas que foram fechadas durante o auge na crise. E as empresas ainda estão receosas em contratar. Com isso, o salário oferecido também será menor", afirma.

O especialista em marketing Carlos Alberto Franco Júnior, de 42 anos, que há 20 dias começou a trabalhar em uma empresa do setor de alimentos, teve de abrir mão de pelo menos 30% da sua remuneração anterior para conseguir uma vaga.

Com 20 anos de experiência em cargos de gerência de empresas como Nissin Ajinomoto e Leão Júnior/Coca-Cola, ele ficou três meses sem trabalhar até ser contratado como supervisor de vendas na Aurora Alimentos.

"Mas, mesmo ganhando menos, estou em uma empresa sólida, que vai permitir que eu cresça profissionalmente", afirma.

Juarez Jesus Monteiro, 45 anos, trabalhava há 15 anos no setor de produção da Bosch. Em junho, junto com outros 825 funcionários, foi demitido por causa da crise econômica. Ele conta que quando saiu da Bosch estava ganhando cerca de cinco salários mínimos (R$ 2.325).

"Se eu voltar a trabalhar hoje receberei dois salários no máximo, algo em torno de R$ 900. Nenhuma empresa, ainda mais com essa crise, pagará aquilo que eu ganhava".

Redução
Um levantamento do Depar­ta­mento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeco­nô­micos (Dieese-PR), realizado com base em dados do Ministério do Trabalho confirma que houve um aumento da diferença entre os salários dos admitidos e dos demitidos.

No Paraná, o salário médio de quem é contratado com carteira assinada está em R$ 683,61, contra R$ 765,88 de quem está sendo demitido.

Geralmente quem sai da empresa tem um salário maior - uma vez que agrega outras remunerações ao longo do período em que foi contratado - mas essa diferença com os novatos se acentuou desde o ano passado.

Em 2008, na mesma base de comparação, essa diferença era de R$ 52,98. Neste ano está em R$ 82,27.

O movimento fica evidente em algumas categorias, como a dos profissionais liberais. No primeiro semestre do ano passado, a remuneração média inicial no mercado paranaense era de R$ 1.598,19, de acordo com o Ministério do Trabalho.

No mesmo período deste ano, caiu para R$ 1.480,25.

Segundo Cid Cordeiro, economista do Dieese, o achatamento dos salários é maior entre as pessoas que recebem mais. "Para quem ganha pouco, o aumento do salário mínimo e os reajustes dos pisos salariais funcionam como uma barreira para essa queda", afirma.

A crise econômica acelerou o processo de redução das remunerações entre as empresas, que tentam cortar custos.

"Em cargos executivos, cuja remuneração chegava a R$ 23 mil antes da crise, agora o salário para novas vagas não ultrapassa R$ 15 mil", acrescenta Michele de Carvalho Gelinski, consultora de carreira da Chess Human Resources.

Por outro lado, o volume de exigências e de atribuições dos cargos aumentou. É crescente o número de companhias que estão vinculando o pagamento de bônus a metas agressivas de desempenho.

De acordo Michele, também aumentou o volume de empresas que buscam contratar funcionários no regime de pessoa jurídica, como forma de fugir dos encargos trabalhistas.
"Hoje, 16% dos nossos clientes querem contratar nesse formato".

Para as empresas do setor, o reaquecimento do mercado ficou mais nítido há dois meses e as vagas disponíveis estão concentradas no varejo e no setor de serviços. Na indústria, a retomada está mais lenta.

"As estatísticas melhoram a cada mês. Em janeiro tínhamos 33 empresas ativas em carteira. Agora temos 122", diz Michele.









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