Novos eixos de desenvolvimento econômico no Distrito Federal

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Brasília, segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011 - 15:8      |      Atualizado em: 10 de fevereiro de 2011

CIDADES

Novos eixos de desenvolvimento econômico no Distrito Federal


Fonte: Correio Brasiliense

As fronteiras do consumo no Distrito Federal caíram por terra. O crédito farto, o emprego e a renda nas alturas, além das facilidades de pagamento, deram força aos setores de comércio e serviços longe do Plano Piloto.

Ao longo da última década, as riquezas locais deixaram de se concentrar na ilha da prosperidade. Moradores de cidades que rodeiam o centro do poder não dependem mais do Plano Piloto para consumir.

A série de reportagens que o Correio começa a publicar a partir deste domingo (6) mostra como o dinheiro passou a circular nas principais regiões administrativas, criando novos polos econômicos e alavancando a economia local.

Com a escassez de terrenos na área tombada da capital, o superaquecido mercado imobiliário candango conquistou os arredores e serviu como indutor de desenvolvimento.

Onde ainda existe área livre, prédios e casas não param de ser construídos. E os condomínios continuam a se espalhar em volta de Brasília.

No embalo do avanço demográfico, lojas e bancos não perdem tempo e investem pesado nas cidades do DF. Empresas nacionais e estrangeiras que chegaram nos últimos anos já colhem os frutos da aposta e alimentam uma expectativa enorme.

Cidades antes consideradas de periferia, como Samambaia e Riacho Fundo, começam a chamar a atenção de franquias em áreas de comércio e serviços.

A venda de imóveis no DF fechou 2010 com crescimento superior a 20%. Neste ano, o ritmo de expansão deve se manter, ainda que em velocidade menor. Virão novas obras em Águas Claras e o Setor Noroeste começará a tomar forma.

Em cidades como Santa Maria, Ceilândia, Samambaia e Gama, os investimentos das empreiteiras serão intensificados.

Não bastasse, o governador Agnelo Queiroz (PT) espera, ao longo de seu mandato, entregar 100 mil moradias voltadas para o público de baixa renda, o que deve ser facilitado com a doação de terrenos pela Companhia Imobiliária de Brasília (Terracap).

Entre 2000 e 2010, a população do DF saltou 20,4% e chegou a 2,469 milhões de habitantes, segundo os primeiros resultados do último Censo divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Cerca de 85% dessas pessoas vivem fora do Plano Piloto. Um público consumidor de 2,1 milhões de pessoas.

O aumento da renda média e a queda da taxa de desemprego nas regiões administrativas sustentam o otimismo de quem aposta nesses novos consumidores do DF.

O avanço das classes C e D reflete o bom momento da economia brasileira. O fenômeno estimula o consumo, puxa o avanço do setor de serviços e aquece a atividade industrial.

Arredores
Assim que perceberam a demanda crescente em torno de Brasília, as principais magazines do país não hesitaram em dividir espaço com os comerciantes locais. Em quase todas as cidades, lojas de eletroeletrônicos, móveis e calçados do DF e nacionais disputam clientes lado a lado.

"Os arredores do Plano se tornaram atraentes porque possuem boa margem para expansão", justifica o presidente da Câmara dos Dirigentes Lojistas do DF (CDL-DF), Geraldo Araújo.

"Só na área central de Brasília, temos oito shoppings. As grandes redes querem conquistar outros espaços, onde os moradores também têm poder de compra."

Na avaliação do consultor Marcos André Melo, sócio-diretor da Valorum Consultoria em Gestão Estratégica, o crescimento econômico das cidades do DF é sustentável e tende a se intensificar nos próximos anos.

"Há uma clara mudança de perfil de consumo na capital do país. Lojas e serviços antes presentes somente no Plano agora podem ser encontrados nas outras cidades, que têm um público cada vez mais exigente", observa ele, que reforça a importância das classes C e D nesse processo.

"A renda dessa fatia da população tem crescido mais do que o dobro em relação às classes A e B", afirma.

Além dos setores de comércio e serviços, a indústria brasiliense — tradicionalmente tímida — também acompanha o avanço econômico fora do Plano Piloto.

"A produção ainda é mais forte na região central, onde estão as sedes das construtoras e as principais fábricas de informática e alimentação. Mas muitas empresas estão descobrindo as demais cidades", diz o presidente da Federação da Indústria do Distrito Federal (Fibra), Antônio Rocha.

"Precisamos de mais incentivo, mas temos uma situação favorável: renda per capita elevada, proximidade com os governos federal e local e com as embaixadas, que são grandes clientes", acrescenta.

Quadrado muda seu perfil
A descentralização das riquezas pode ser percebida em todo o Distrito Federal, como mostrará a série do Correio.

Em Santa Maria, antes conhecida somente pelos altos índices de violência, a abertura do primeiro shopping da cidade, em dezembro do ano passado, mexeu com a autoestima dos moradores.

Nos próximos cinco anos, a área industrial da cidade, o Polo JK, receberá multinacionais dos ramos farmacêutico e de panificação.

No Riacho Fundo, no Recanto das Emas e em São Sebastião, o tímido comércio de rua ganhou força com a inauguração de lojas das grandes redes nacionais do varejo nos últimos cinco anos.

Em cidades mais abastadas do eixo sul do DF, como Gama, Samambaia, Taguatinga, Ceilândia e Águas Claras, os mercados consumidores estão consolidados.

Mesmo assim, a expansão da atividade econômica não deve recuar daqui para frente. O crescimento populacional provocado pelos novos empreendimentos imobiliários é um dos fatores que estimulam o desenvolvimento constante.

Nessas localidades, além do aquecimento do comércio, a tendência é que haja maior oferta de serviços.

Na saída norte, os investimentos chegaram com força a Sobradinho e Planaltina. Concessionárias e lojas de produtos agropecuários ocuparam a conhecida subida do Colorado.

A economia da região também é movimentada por indústrias de eletrônicos, reciclagem e metalurgia.

A mudança no perfil econômico da região mostra que as riquezas do DF não estão restritas aos limites do Plano Piloto e não dependem mais tanto do funcionalismo público - apesar da importância que a máquina pública ainda exerce.

Análise da notícia
DF carece de uma radiografia

O Distrito Federal carece de pesquisas e dados que permitam o exato dimensionamento da economia local.

Durante a produção desta série de reportagens, o Correio entrou em contato com diversos órgãos públicos e entidades de pesquisa a fim de obter dados para compor o perfil econômico das principais cidades do DF.

Mas os números que revelariam o valor do Produto Interno Bruto (PIB) de cada região, a taxa de desemprego, a renda média da população e a contribuição de cada região administrativa para a arrecadação tributária, quando existem, estão bastante defasados.

Para se ter uma ideia: a única medição oficial para a renda dos moradores das regiões administrativas está na Pesquisa Distrital por Amostra de Domicílios (PDAD) de 2004, realizada pela Codeplan.
Nesses seis anos, se corrigida apenas pela inflação, a renda média do brasileiro teria crescido 34,3%, por exemplo.

Para pensar em políticas públicas capazes de fomentar a economia, o primeiro passo é ter um diagnóstico aprofundado da atual situação.

Sobre o diagnóstico
Ao longo da série de reportagens, o Correio apresentará o perfil econômico das principais cidades do DF: Taguatinga, Águas Claras, Ceilândia, Samambaia, Planaltina, Sobradinho, Guará, Santa Maria, Riacho Fundo, Recanto das Emas, São Sebastião e Gama.

As reportagens, feitas com base em entrevistas com empresários e moradores e nos poucos dados oficiais disponíveis, mostrarão o que mudou na última década, indicarão as carências e apontarão tendências de investimentos para os próximos anos.

Apesar de passarem por processos de crescimento semelhantes, as regiões possuem características próprias.

Leia também:

- Taguatinga

- Guará

- Samambaia

- Riacho Fundo e Recanto das Emas

- Gama 









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