Investigada por assaltar os cofres públicos do Distrito Federal durante, pelo menos, três anos, a quadrilha comandada pelo governador José Roberto Arruda (ex-DEM) foi flagrada nesta quinta-feira (4), em em mais uma atividade criminosa.

Acusado em inquérito policial por fraudar licitações, superfaturar contratos, cobrar, embolsar e distribuir propinas, além de formar caixa 2 eleitoral, o bando acrescentou à sua ficha criminal a tentativa de subornar uma das principais testemunhas do mensalão do DEM, o jornalista Edmilson Edson dos Santos, conhecido como Edson Sombra, para que desacreditasse os vídeos em que o delator do esquema, Durval Barbosa, entrega maços de dinheiro ao governador Arruda e a outros mensaleiros.

A tentativa de suborno, denunciada por Sombra à Polícia Federal, foi flagrada por volta das 9 horas desta quinta-feira (4), num restaurante de Brasília, quando ele recebeu uma sacola com aproximadamente R$ 200 mil, entregue por Antônio Bento da Silva, servidor público aposentado do Governo do Distrito Federal e conselheiro fiscal do metrô.

A Polícia Federal prendeu Antônio. Em depoimento que prestou à tarde, segundo o Blog do Noblat, o intermediário da quadrilha disse que o dinheiro lhe foi repassado pelo secretário-particular e sobrinho do governador Arruda, Rodrigo Arantes.

Ainda de acordo com o Blog do Noblat, a tentativa de subornar Edson Sombra foi desencadeada em janeiro, quando o jornalista recebeu em seu apartamento a visita do deputado distrital Geraldo Naves (DEM), presidente da Comissão de Constituição e Justiça da Câmara Legislativa.

Naves entregou-lhe um bilhete manuscrito pelo governador Arruda, com um pedido de ajuda, e lhe propôs R$ 3 milhões para que dissesse que os vídeos gravados pelo delator do mensalão tinham sido manipulados.

"Eles queriam que eu dissesse que os vídeos foram todos montados. Queriam que eu desse esse depoimento. Seria como uma defesa política de Arruda", contou Sombra depois de depor à Polícia Federal, na tarde passada.

Ao Blog do Noblat ele detalhou que, a partir da visita do deputado Naves e durante aproximadamente três semanas, sucederam-se, até o flagrante desta quinta, um diálogo dele com o governador Arruda, por telefone, mais uma série de cinco encontros com Welligton Moraes, assessor de Comunicação Social de Arruda, e várias reuniões com Antônio Bento da Silva, ex-assessor de campanha eleitoral de Arruda e gerente comercial de um jornal em que Sombra é o jornalista responsável.

"Gravei cinco ou seis encontros que tive com Bento na minha casa. E, dos cinco encontros que tive com Welligton, gravei um. As fitas somam mais de 12 horas e estão com a Polícia Federal", relatou Edson Sombra ao blog do Noblat.

Sombra qualificou Antônio Bento como "apenas o intermediário do suborno do governador José Roberto Arruda".

O Governo do Distrito Federal reagiu a mais recente acusação com uma nota em que acusa Sombra de promover uma armação contra o governador Arruda.

Apega-se, essencialmente, ao fato de que Sombra e Antônio Bento trabalham no mesmo lugar. Além disso, manifesta estranheza diante da exclusão do nome de Antônio Bento do site do jornal, depois que ele foi preso.

Edson Sombra alegou que Bento não teria mais condições de trabalhar no local após o flagrante. Disse também que o intermediário da tentativa de suborno é amigo de Arruda e acompanhou os "melhores e piores momentos do atual governador".

E garantiu que Bento não tinha condições de arrecadar R$ 200 mil para tentar convencê-lo a favorecer Arruda, em depoimento à PF.

Antônio Bento poderá ficar preso por até dez dias. Ele foi indiciado por coação a testemunha.