Papa Francisco: pontífice progressista, que apoiava o movimento sindical

Brasília-DF, domingo, 27 de abril de 2025


Brasília, sábado, 26 de abril de 2025 - 18:10

Papa Francisco: pontífice progressista, que apoiava o movimento sindical

Na despedida do líder religioso, recorde as ações que aproximavam Jorge Mario Bergoglio dos trabalhadores e de líderes sindicais

TÂNIA RÊGO/AGÊNCIA BRASIL

O funeral do Papa Francisco, falecido na última segunda-feira (21), foi neste sábado (26), com missa às 10h. O corpo do religioso foi velado, na Basílica de São Pedro, em Roma (IT), desde a quarta (23) até ontem, quando o caixão foi fechado.

É o adeus ao Papa considerado o mais flexível e progressista da Igreja Católica.

 

“Não existe uma boa sociedade sem um bom sindicato, e não há um sindicato bom que não renasça todos os dias nas periferias, que não transforme as pedras descartadas da economia em pedras angulares.” - Papa Francisco

 

Origem humilde e encontro com a fé
Nascido em Buenos Aires (AR), em 1936, o filho de imigrantes italianos começou a trabalhar desde cedo, aos 15 anos. A fiéis, revelou ter sido segurança em bares e até faxineiro.

Amante do tango portenho, conciliava trabalho com estudos. Graduou-se técnico em química e, depois, optou pela vida sacerdotal, aos 20 anos.

O biógrafo Austin Ivereigh relata que, na época, o jovem Bergoglio já manifestava aptidão religiosa. “Vou ser jesuíta, porque quero ir aos bairros, às favelas, para estar com as pessoas”, teria dito.

Formou-se também em filosofia e chegou a trabalhar como professor de literatura e psicologia. Anos depois, com o doutorado em teologia obtido na Alemanha, tornou-se confessor e diretor espiritual, em Córdoba.

Em 1998, tornou-se arcebispo de Buenos Aires. Debateu temas como homossexualidade, aborto e métodos contraceptivos. A relação com os governos Kirchner não foi muito harmoniosa.

Em 2001, tornou-se cardeal nomeado pelo Papa João Paulo 2º. Cargo que deixou somente em 13 de março de 2013, aos 76 anos, após ser eleito o primeiro Papa latino-americano da história.

“Já como cardeal, ele não deixava de pregar a importância do trabalho para a autoestima das pessoas e para a dignidade, e se mostrava firme em sua oposição ao flagelo do desemprego de longa duração”, escreveu Ivereigh.

Diplomata conciliador
Foi como Papa que Francisco adotou discurso mais flexível e conciliador em relação à temas de costumes, que indicava postura mais progressista.

Criou comissão para reformar o banco do Vaticano e combater os escândalos financeiros, aprovou reformar o código penal da Santa Sé na luta contra abusos praticados por sacerdotes e incluiu o debate sobre meio ambiente.

Pautado pela diplomacia, em 2015, o pontífice atuou na reaproximação entre Cuba e os Estados Unidos, sob Barack Obama. E, assim, conduziu trajetória religiosa de busca por diálogo em meio a conflitos — como entre Ucrânia e Rússia — e deu voz a minorias e excluídos.

Apoio aos sindicatos, dignidade aos trabalhadores
A luta por justiça social defendida pelo Papa Francisco tinha enfoque na defesa da dignidade, como princípio de humanidade. Em discursos, homilias e entrevistas, expressou a preocupação com injustiças do sistema econômico.

Bergoglio expressou apoio ao movimento sindical pelo papel na luta por justiça social e na denúncia das injustiças, que campeiam pelo mundo.

Em vários momentos promoveu encontro com representantes sindicais. Em 2017, no Vaticano, defendeu a preservação da essência combativa dessas entidades.

“Os sindicatos nascem e renascem todas as vezes que, como os profetas bíblicos, dão voz a quem não a tem, denunciam os poderosos que pisam nos direitos dos trabalhadores mais frágeis e defendem a causa dos estrangeiros, dos últimos e dos rejeitados”, declarou o pontífice.

Atuar perto dos mais pobres
Por reconhecer esse papel tão relevante de instrumento de paz social e de defesa da dignidade do trabalho, o Papa Francisco destacou que a missão dos sindicatos é nas periferias, para escutar a realidade diretamente de quem vive a exploração e a exclusão.

“O mundo precisa de sindicatos fortes, não enfraquecidos ou cooptados. Precisamos de sindicatos que saibam renovar-se, mantendo viva a chama da solidariedade”, orientou Francisco ao defender a atuação sindical combativa, popular e orientada para a transformação estrutural da sociedade.

Simplicidade no último adeus
A humildade foi um dos traços na vida e no papado de Bergoglio. E foi vista no sepultamento planejado por ele, em testamento.

Após o último adeus, neste sábado (26), o corpo do Papa Francisco foi sepultado no chão da Basílica de Santa Maria Maggiore, sem ornamentos e com simples inscrição: “Franciscus”.

O túmulo do Papa Francisco poderá ser visitado a partir deste domingo.









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