Dieta para o bolso. Boas dicas para sair do sufoco

Brasília-DF, quarta-feira, 18 de junho de 2025


Brasília, domingo, 22 de fevereiro de 2009 - 14:2

FINANÇAS PESSOAIS

Dieta para o bolso. Boas dicas para sair do sufoco


Fonte: Correio Brasziliense

Prestações atrasadas, dívidas altas, juros acumulados… A vida de quem deve parece um filme de terror. Mas, com organização, bom senso e disciplina — e algumas orientações —, dá para se desenrolar

Caneta e papel na mão. É exatamente assim que se começa a sair do sufoco das dívidas. Conhecer o quanto se deve e como encaixar os débitos no orçamento é a principal recomendação de consultores financeiros e dos órgãos de defesa do consumidor. O objetivo é promover uma dieta no bolso, cortar os gastos desnecessários, economizar para liquidar os problemas.

O Instituto Brasileiro de Estudo e Defesa das Relações de Consumo (Ibedec) alerta para o aumento de 50% nos pedidos de orientação dos consumidores endividados em 2008. "A avalanche de crédito aumentou a capacidade de consumo e trouxe à tona um problema, a falta de educação financeira dos brasileiros", afirma José Geraldo Tardin, presidente do Ibedec.

"As facilidades do crédito levam ao endividamento", completa. O resultado desta "bolha" aparece nas pesquisas de inadimplência: o volume de cheques devolvidos por falta de fundos no país cresceu 20,5% em janeiro — comparado com o mesmo mês de 2008, segundo levantamento do Serasa. Frente a dezembro de 2008, foram devolvidos 13,4% mais cheques neste começo de ano.


Desafio
O Correio promoveu o encontro do consultor financeiro José Antônio Bastos e com a diarista Marizete Aparecida Barbosa, de 33 anos. Mãe de duas filhas e responsável pela sobrinha, Marizete tem rendimentos variáveis e o começo de ano não está dos melhores: a renda de R$ 1,2 mil caiu pela metade. Por esse motivo, as parcelas de um empréstimo de R$ 1 mil estão atrasadas e as prestações da máquina de lavar podem ir pelo mesmo caminho.

Com os dados, Bastos traçou um "plano de fuga" para a diarista. "Se seu salário é diferente em cada mês, você tem que guardar o máximo possível para as épocas em que estiver mais apertada", disse o consultor. O primeiro passo foi listar as despesas básicas com alimentação, energia elétrica, supermercado. "Minha casa é cedida então não pago aluguel, é uma despesa a menos", conta Marizete.

O consultor constatou que o empréstimo adquirido por Marizete estava com juros muito alto e poderia ser negociado. "Sei que você aceitou nove parcelas de R$ 180 mas converse com quem lhe emprestou e tente esticar o prazo sem aumentar os juros. Negocie e dê a garantia de que irá pagar", sugere. José Antônio também recomendou que Marizete se esforce para não atrasar as parcelas de R$ 200 da máquina de lavar. "Priorize a máquina, os juros são muito altos."

Depois da aula de economia pessoal, a diarista garantiu que irá mudar de atitude: conversou com as filhas e a sobrinha, apresentou o problema e pediu colaboração. "Não perdi tempo, acredito que vou sair dessa. Já comprei um caderno para anotar tudo o que gasto e controlar as despesas", afirmou otimista.

A dica mais importante é evitar o endividamento. "É preciso controlar os impulsos de comprar. Poupar dinheiro em vez de lançar mão de financiamentos", diz Bastos. O consultor ressalta que existem "dívidas boas", os investimentos, como comprar um carro ou uma casa. Porém, se não houver um plano financeiro consistente, o que deveria ser um sonho, vira um pesadelo. "Ter planos é muito saudável e importante só não se pode esquecer dos limites", pondera.

Gente que pode ajudar
Os órgão de defesa do consumidor são pontos de apoio para os endividados tirarem dúvidas e reorganizar a vida financeira. Procon, Ibedec, Serasa e Conselho Regional de Economia (Corecon) estão de portas abertas. Não trazem a solução mas orientam os cidadãos sobre que caminho seguir.

O Ibedec, por exemplo, lançou uma cartilha na semana passada apontando as consequências de não se pagarem contas de diversos setores. O documento — que está disponível no Ibedec e no Procon — traz dicas e sugestões sobre como reverter a situação.

"Além de explicar sobre como agir diante de cada credor há modelos de como renegociar dívidas, pedir documentos e propor acordos", detalha José Geraldo Tardin. "Antes de qualquer coisa, dever não é o fim do mundo. Temos levantamentos que apontam que 10% da população brasileira está devendo uma ou mais parcelas de algum tipo de contrato", informa.

No Procon-DF, as maiores demandas são de revisão de contratos. "Não fazemos renegociações mas podemos traçar uma planilha dos débitos e auxiliar na intermediação", explica Oswaldo Moraes, diretor de atendimento do órgão. Os campeões de procura são os contratos de compra de carro e faturas de cartões de crédito.

"Quando o consumidor compra um veículo, por exemplo, tem que tomar o cuidado de comprometer menos de 30% do orçamento para não correr riscos de deixar de pagar", diz Moraes. No Serasa e no Corecon há profissionais que, gratuitamente, também "traduzem" a linguagem dos contratos e ajudam na hora de traçar uma estratégia de liquidar estes problemas.

"Sem mudança de atitude fica muito difícil. O devedor deve ter certeza de que há uma saída e o certo é não ficar parado", afirma Tardin. É importante saber que, mesmo inadimplente, todos estão amparados pelo Código de Defesa do Consumidor. "Quem está devendo não pode ser expostos ao ridículo, a constrangimentos ou sofrer ameaças. As empresas não podem ligar no trabalho ou perturbar o cliente. A comunicação precisa ser feita por escrito", explica Oswaldo Moraes, do Procon-DF.

Segundo Oswaldo, a inclusão do nome dos clientes nos órgãos de proteção ao crédito, como SPC e Serasa , só pode ser feita depois de prévio aviso. "Do contrário, o credor está sujeito a implicações legais e processos", diz.

Ele também sugere que, caso as negociações diretas com as empresas não funcionem, pode-se recorrer ao judiciário. Para causas no valor inferior a 40 salários mínimos (R$ 18,6 mil) não é necessário constituir advogado e basta entrar no juizado de pequenas causas. Acima disso, somente na Justiça comum.









Últimas notícias

Notícias relacionadas



REDES SOCIAIS
Facebook Instagram

Sindicato dos Auxiliares de Administração Escolar em Estabelecimentos Particulares de Ensino no Distrito Federal

SCS Quadra 1, Bloco K, Edifício Denasa, Sala 1304,
Brasília-DF, CEP 71398-900 Telefone (61) 3034-8685
recp.saepdf@gmail.com