Brasília, domingo, 22 de fevereiro de 2009 - 14:2
FINANÇAS PESSOAIS
Dieta para o bolso. Boas dicas para sair do sufoco
Fonte: Correio Brasziliense
Prestações atrasadas, dívidas altas, juros acumulados… A vida de quem deve parece um filme de terror. Mas, com organização, bom senso e disciplina — e algumas orientações —, dá para se desenrolar
Caneta e papel na mão. É exatamente assim que se começa a sair do sufoco das dívidas. Conhecer o quanto se deve e como encaixar os débitos no orçamento é a principal recomendação de consultores financeiros e dos órgãos de defesa do consumidor. O objetivo é promover uma dieta no bolso, cortar os gastos desnecessários, economizar para liquidar os problemas.
O Instituto Brasileiro de Estudo e Defesa das Relações de Consumo (Ibedec) alerta para o aumento de 50% nos pedidos de orientação dos consumidores endividados em 2008. "A avalanche de crédito aumentou a capacidade de consumo e trouxe à tona um problema, a falta de educação financeira dos brasileiros", afirma José Geraldo Tardin, presidente do Ibedec.
"As facilidades do crédito levam ao endividamento", completa. O resultado desta "bolha" aparece nas pesquisas de inadimplência: o volume de cheques devolvidos por falta de fundos no país cresceu 20,5% em janeiro — comparado com o mesmo mês de 2008, segundo levantamento do Serasa. Frente a dezembro de 2008, foram devolvidos 13,4% mais cheques neste começo de ano.
Desafio
O Correio promoveu o encontro do consultor financeiro José Antônio Bastos e com a diarista Marizete Aparecida Barbosa, de 33 anos. Mãe de duas filhas e responsável pela sobrinha, Marizete tem rendimentos variáveis e o começo de ano não está dos melhores: a renda de R$ 1,2 mil caiu pela metade. Por esse motivo, as parcelas de um empréstimo de R$ 1 mil estão atrasadas e as prestações da máquina de lavar podem ir pelo mesmo caminho. Com os dados, Bastos traçou um "plano de fuga" para a diarista. "Se seu salário é diferente em cada mês, você tem que guardar o máximo possível para as épocas em que estiver mais apertada", disse o consultor. O primeiro passo foi listar as despesas básicas com alimentação, energia elétrica, supermercado. "Minha casa é cedida então não pago aluguel, é uma despesa a menos", conta Marizete.
O consultor constatou que o empréstimo adquirido por Marizete estava com juros muito alto e poderia ser negociado. "Sei que você aceitou nove parcelas de R$ 180 mas converse com quem lhe emprestou e tente esticar o prazo sem aumentar os juros. Negocie e dê a garantia de que irá pagar", sugere. José Antônio também recomendou que Marizete se esforce para não atrasar as parcelas de R$ 200 da máquina de lavar. "Priorize a máquina, os juros são muito altos."
Depois da aula de economia pessoal, a diarista garantiu que irá mudar de atitude: conversou com as filhas e a sobrinha, apresentou o problema e pediu colaboração. "Não perdi tempo, acredito que vou sair dessa. Já comprei um caderno para anotar tudo o que gasto e controlar as despesas", afirmou otimista.
A dica mais importante é evitar o endividamento. "É preciso controlar os impulsos de comprar. Poupar dinheiro em vez de lançar mão de financiamentos", diz Bastos. O consultor ressalta que existem "dívidas boas", os investimentos, como comprar um carro ou uma casa. Porém, se não houver um plano financeiro consistente, o que deveria ser um sonho, vira um pesadelo. "Ter planos é muito saudável e importante só não se pode esquecer dos limites", pondera.
Gente que pode ajudar
Os órgão de defesa do consumidor são pontos de apoio para os endividados tirarem dúvidas e reorganizar a vida financeira. Procon, Ibedec, Serasa e Conselho Regional de Economia (Corecon) estão de portas abertas. Não trazem a solução mas orientam os cidadãos sobre que caminho seguir.
O Ibedec, por exemplo, lançou uma cartilha na semana passada apontando as consequências de não se pagarem contas de diversos setores. O documento — que está disponível no Ibedec e no Procon — traz dicas e sugestões sobre como reverter a situação.
"Além de explicar sobre como agir diante de cada credor há modelos de como renegociar dívidas, pedir documentos e propor acordos", detalha José Geraldo Tardin. "Antes de qualquer coisa, dever não é o fim do mundo. Temos levantamentos que apontam que 10% da população brasileira está devendo uma ou mais parcelas de algum tipo de contrato", informa.
No Procon-DF, as maiores demandas são de revisão de contratos. "Não fazemos renegociações mas podemos traçar uma planilha dos débitos e auxiliar na intermediação", explica Oswaldo Moraes, diretor de atendimento do órgão. Os campeões de procura são os contratos de compra de carro e faturas de cartões de crédito.
"Quando o consumidor compra um veículo, por exemplo, tem que tomar o cuidado de comprometer menos de 30% do orçamento para não correr riscos de deixar de pagar", diz Moraes. No Serasa e no Corecon há profissionais que, gratuitamente, também "traduzem" a linguagem dos contratos e ajudam na hora de traçar uma estratégia de liquidar estes problemas.
"Sem mudança de atitude fica muito difícil. O devedor deve ter certeza de que há uma saída e o certo é não ficar parado", afirma Tardin. É importante saber que, mesmo inadimplente, todos estão amparados pelo Código de Defesa do Consumidor. "Quem está devendo não pode ser expostos ao ridículo, a constrangimentos ou sofrer ameaças. As empresas não podem ligar no trabalho ou perturbar o cliente. A comunicação precisa ser feita por escrito", explica Oswaldo Moraes, do Procon-DF.
Segundo Oswaldo, a inclusão do nome dos clientes nos órgãos de proteção ao crédito, como SPC e Serasa , só pode ser feita depois de prévio aviso. "Do contrário, o credor está sujeito a implicações legais e processos", diz.
Ele também sugere que, caso as negociações diretas com as empresas não funcionem, pode-se recorrer ao judiciário. Para causas no valor inferior a 40 salários mínimos (R$ 18,6 mil) não é necessário constituir advogado e basta entrar no juizado de pequenas causas. Acima disso, somente na Justiça comum.
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