Jaqueline é filha do ex-governador Joaquim Roriz e foi flagrada recebendo dinheiro de uma suposta propina que foi descoberta na operação "Caixa de Pandora" da polícia Federal.

Deputados do chamado "baixo clero" - centenas de parlamentares que têm pouca expressão política na Casa - e integrantes da bancada feminina desencadearam uma operação nos bastidores para salvar o mandato da deputada Jaqueline Roriz (PMN-DF).

Ela foi flagrada num vídeo, revelado pelo jornal O Estado de S. Paulo, recebendo dinheiro do esquema de corrupção no Distrito Federal.

Numa ação embalada pelo discurso corporativista, o grupo pró-Jaqueline tem dois argumentos debaixo do braço.

Se ela for cassada por um ato ocorrido antes de ser eleita deputada federal (o vídeo da propina foi gravado em 2006, quando Jaqueline era deputada distrital no DF), um precedente será aberto para que outros parlamentares sejam punidos por irregularidades do passado.

Ou seja, livrar Jaqueline seria salvar a própria pele no futuro.

O segundo argumento é o de que a prática de caixa dois de campanha, usada na defesa da deputada para explicar o dinheiro, é algo comum entre os políticos.

A reportagem acompanhou os passos de Jaqueline nos últimos dias e a flagrou em conversas com deputados pedindo apoio e lamentando problemas de saúde.

Ainda sem decidir se vai depor no Conselho de Ética, onde sofre um processo de cassação, ela já entrou em ação para salvar o mandato. E, até agora, ouviu o que queria.

"Qualquer um de nós está sujeito a um deslize qualquer", disse a deputada Elcione Carvalho (PMDB-PA).

Em conversa com a reportagem ontem à tarde no plenário, Jaqueline falou pela primeira vez sobre sua defesa e endossou a retórica dos colegas em tom de recado: "Eu não era deputada na época.

Eles (deputados) entendem que: já imaginou se a lei for retroagir para todos, a prerrogativa que vai abrir?". (As informações são do jornal O Estado de S. Paulo).

Silêncio
É comum em Brasília haver um grande período de silêncio após estourar um escândalo, deputados que falam muito em época eleitoral parecem não ter muita vontade de falar para dar explicações a sociedade, foi assim durante toda a investigação do esquema de corrupção do DEM de Brasília.

Até hoje não se sabe o que tem a dizer muitos envolvidos no esquema, nem mesmo à imprensa consegue arrancar palavras de envolvido em corrupção.

Pessoas que são pagas com dinheiro público ficam caladas na hora em que devem satisfação a quem paga o seu salário.