Brasil mobilizado contra violência às mulheres

Brasília-DF, quinta-feira, 4 de dezembro de 2025


Brasília, quinta-feira, 4 de dezembro de 2025 - 18:55

Brasil mobilizado contra violência às mulheres

Escalada de feminicídios reforça necessidade de mudanças na legislação. Militâncias femininas clamam por rigor nas leis e convocam mobilização para próximo domingo (7)

Reprodução: instagram.com/levantemulheresvivas

Mulheres e apoiadores estarão reunidos em passeata do Movimento Nacional Mulheres Vivas, no próximo domingo (7). Objetivo é denunciar a alta nos casos de feminicídio no Brasil. Atos ocorrerão em, pelo menos, 15 cidades.

O SAEP convoca a categoria a participar dessa importante mobilização.

Leia também: 8 de março: o ódio como tema de pesquisa

Na capital federal, a concentração está marcada para às 10 horas, na Feira da Torre de TV.


Índices de feminicídio

Segundo o 19º Anuário Brasileiro de Segurança Pública, do FBSP (Fórum Brasileiro de Segurança Pública), o Distrito Federal registrou 2 feminicídios por 100 mil mulheres em 2024.

É a 5ª posição no ranking nacional. Significa 1 mulher morta a cada 12 dias, na capital federal.

Em todo o País, foram 1.459 vítimas em 2024. Média de 1 morte a cada 6 horas.

“O que nós estamos precisando é de lição de caráter, de dignidade, de educação, de respeito às nossas companheiras, às mulheres. Se não fossem elas, a gente nem existia”, afirmou o presidente Lula (PT), durante evento do setor petroleiro, na terça-feira (2), em Pernambuco.

Emocionado, Lula defendeu penas mais duras.


Assassinatos brutais

O Brasil tem agenda de campanhas por direitos das mulheres. De 20 de novembro a 10 de dezembro, por exemplo, acontece a ação “21 Dias de Ativismo pelo Fim da Violência contra as Mulheres e do Racismo”, do Ministério das Mulheres.

Isto não impediu a série de feminicídios ocorridos nos últimos dias.

No sábado, dia 29 de novembro, Tainara Souza Santos teve as pernas amputadas após ser atropelada e arrastada por 1 Km, em São Paulo, por Douglas Alves da Silva — suposto ex-namorado.

Um dia antes, 2 profissionais da área da educação, a diretora pedagógica Allane de Souza Pedrotti Matos e a psicóloga Layse Costa Pinheiro, foram mortas a tiros no Cefet (Centro de Educação Tecnológica) do Rio de Janeiro. O autor, João Antônio Miranda Tello Ramos Gonçalves, era funcionário da instituição e não teria aceitado ser chefiado por mulheres.

Dia 21 de novembro, a professora Catarina Kasten foi violentada, estrangulada e teve o corpo ocultado em trilha de Florianópolis (SC). Ela seguia para a aula de natação, quando o suspeito, Giovane Correa Mayer, a sequestrou.

Isto para citar apenas alguns dos assassinatos recentes que tiveram repercussão na mídia.


Sociedade tem responsabilidade

Única mulher a compor a maior corte do País, a ministra Cármen Lúcia, do STF (Supremo Tribunal Federal), discursou sobre o tema, na quarta-feira (3), durante o “Seminário Nacional sobre a Violência Política contra as Mulheres no Brasil: diálogos para o enfrentamento”, realizado no Centro Universitário UDF, em Brasília.

Segundo a ministra, que é presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), a misoginia, que é o ódio às mulheres, avança no ambiente virtual e ameaça a representatividade feminina e a democracia.

“O discurso de ódio tem feito com que a sociedade tenha esses algoritmos sem proveito, abusivos, odientos. Faz com que a sociedade viva o que nós estamos vivendo”, defendeu, em menção às redes digitais.

Em participação no seminário “Mais Mulheres na Política”, na Alema (Assembleia Legislativa do Maranhão), a ministra Cármen Lúcia chamou a responsabilidade de toda a sociedade ao abordar a alta nos casos de feminicídio no Brasil.

“Mata-se a mulher por ser mulher. Só por isso: porque ela é o que ela é. E nós gostamos de ser mulher. E nós não queremos que matem os homens. O compromisso da mulher é com a vida, não é com a morte”, observou Cármen Lúcia.

“E não é civilizado uma sociedade que mata mulheres e crianças não como se fossem bichos, porque os bichos, a maioria deles nem mata por matar — mata como reação, mata por fome, mata numa luta. Mas não mata por matar. E, ainda hoje, nós vemos homens que matam e depois dizem: ‘o comportamento dela não era bom’”, reforçou.


Igualdade não pode ser mero discurso

Essa não é luta nova para a população brasileira. Ao se pronunciar, Cármen Lúcia relembrou o assassinato brutal de mulher assentada, à época da Constituinte, na década de 1980. O assassinato gerou comoção pela inclusão do preceito de igualdade entre homens e mulheres na Carta Cidadã.

“Ela estava assentada. Levou 4 tiros, 2 no rosto, como é próprio do feminicídio: em geral, nos desfiguram, jogam cal, esfaqueiam, atiram na face, para negar a imagem do que aquela mulher foi”, enumerou.

“Isto é um nível de crueldade, de perversidade que demonstra que uma sociedade que compactua com isso não chegou à etapa civilizatória”, avaliou a ministra. “E não adianta virem dizer que ‘somos todos a favor da igualdade’. Não são. Se fossem, nós não estaríamos precisando de nos reunir para dizer, em alto e bom som, que nós somos iguais na nossa humanidade, iguais na nossa dignidade, iguais nos nossos direitos”, concluiu.


O que é misoginia?

É o ódio, desprezo ou aversão às mulheres. As condutas misóginas estão enraizadas na civilização, no modo como evoluiu. Mas precisa mudar.

Para combater, é importante refletir que essas ocorrem em todos os ambientes: doméstico; familiar; entre amigos; e, principalmente, no ambiente de trabalho, onde mulheres são inferiorizadas e excluídas.


Tipos de violência contra a mulher

O comportamento misógino não segue regra. O mais comum é que as práticas ocorram de maneira silenciosa, velada, para que outras pessoas não percebam.

Em muitos casos, essa conduta avança para as formas expressas em agressões físicas.


Violência psicológica e moral

São investidas verbais, ataques à dignidade e desencorajadores, que reduzem a autoestima da mulher ou causam a ela algum desconforto. Inclui também técnicas de isolamento e de tratamento com silêncio. Que é quando a pessoa deixa de responder ou deixa de se comunicar com a mulher.

Na prática, o agressor faz críticas à imagem da mulher ou ao comportamento dela ou tenta afastá-la de amigos e familiares. Também acontece a partir do excesso de liberdade do homem, dominação e ocupação de espaços.

Frases do tipo: “ela é difícil de lidar” ou “ela é fácil de conquistar” ou “ela não é capaz” ou “ela deveria se cuidar mais”, etc.

Está presente na maioria das demais formas de violência. Ocorre na tentativa de invalidar a defesa da mulher ou quando ela denúncia ter sofrido assédio e ofensas.

Novas nomenclaturas se enquadram nessa modalidade:

• gaslighting: manipulação emocional em que o homem faz a mulher duvidar da própria percepção, memória ou realidade, deixando-a confusa e insegura;

• mansplaning: quando homem explica algo óbvio ou que a mulher já domina, desconsiderando conhecimento ou experiência dela, o que gera invalidação e diminuição da autoestima;

• manterrupting: interrupções constantes feitas por homens quando a mulher está falando, prejudicando a conclusão, clareza e credibilidade dela;

• bropriating: apropriação, por parte do homem, de ideias, trabalhos ou conquistas produzidas pela mulher, apagando a autoria e visibilidade dela; e

• manspreading: ocupação exagerada de espaço físico por homens, geralmente sentando com as pernas abertas e invadindo o espaço alheio, especialmente em transportes públicos.


Violência patrimonial

Comum em relacionamentos afetivos, quando o homem convence a mulher a deixar de trabalhar. Mas pode acontecer em outros tipos de relação social, como em família ou no trabalho.

O agressor cria maneiras de reter, subtrair, destruir ou danificar bens, documentos, valores ou instrumentos de trabalho da mulher, impedindo-a de ter autonomia sobre seus bens.

A incapacidade financeira é uma das principais portas de vulnerabilidade e fragilidade de mulheres.


Violência física

Esse é o tipo de violência contra a mulher mais divulgado pela mídia. Inclui tapas, socos, chutes, empurrões, queimaduras ou qualquer ação que cause lesão ou sofrimento físico.


Denuncie!

Você pode fazer a denúncia anônima, sem se identificar.

Ligue no número 180. Envie mensagem por WhatsApp para o telefone (61) 9610-0180 ou pelo e-mail central180@mulheres.gov.br.

É possível denunciar em Libras (Língua Brasileira de Sinais) aqui neste linque.









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