Brasília, quarta-feira, 2 de maio de 2012 - 16:22
DESENVOLVIMENTO
Dilma se reúne com aliados para debater queda das taxas de juros
Fonte: Portal Vermelho, com agências
Em pronunciamento de TV e rádio nesta segunda (30), a presidente acusou uma "lógica perversa" do setor financeiro e cobrou redução dos juros pelos bancos privados
Dois dias depois de defender em cadeia nacional de TV a redução dos juros, a presidente Dilma Rousseff vai se renir, nesta quinta (3), com os líderes dos partidos governistas para discutir medidas econômicas que permitam baixar ainda mais as taxas bancárias e pode incluir na discussão mudanças na remuneração da caderneta de poupança.
Dilma definiu como estratégia de seu governo reduzir os juros reais da economia para no máximo 2% ao ano até o fim de seu mandato. Para atingir essa meta podem ocorrer alterações no rendimento da aplicação mais popular do país; a poupança.
Em pronunciamento de TV e rádio nesta segunda (30), Dilma acusou uma "lógica perversa" do setor financeiro e cobrou redução dos juros pelos bancos privados.
Segundo assessores, na reunião desta quarta no Palácio do Planalto ela pretende "preparar o terreno" para tratar das mudanças na poupança. Um assessor presidencial disse ao jornal Folha de S.Paulo que ela quer discutir o assunto com seus aliados.
Atualmente, os juros reais — taxa do Banco Central, descontada a inflação — no Brasil estão em 3,3% ao ano, nível mais baixo desde o início dos anos 1990.
Apesar de próximo ao piso de 2% ao ano desejado por Dilma, as reduções a partir do patamar atual são mais difíceis por esbarrarem em problemas estruturais — um deles, a remuneração da caderneta de poupança.
Fixado em lei, o rendimento mínimo da poupança equivale à variação da TR (Taxa Referencial) mais 6,17% ao ano, funcionando como um piso para a taxa de juros.
Se a taxa básica do BC, hoje em 9% ao ano, ficar próxima do rendimento da poupança, aplicações como fundo de investimento ficariam menos rentáveis que a caderneta porque pagam Imposto de Renda e taxa administrativa.
Isso provocaria fuga de recursos para a poupança, criando problemas para os bancos e dificuldades para o governo financiar sua dívida. Alguns líderes governistas, porém, estão aconselhando Dilma a deixar a mudança para depois das eleições. Há um grupo dentro do governo e também no Congresso que defende que a presidente enfrente o tema já.
Técnicos preparam o que está sendo chamado de uma "nova modalidade de poupança", que seria apresentada para a sociedade como um investimento que poderia até render mais do que a atual e abriria espaço para uma queda mais acentuada dos juros. Alguns nomes são citados por assessores, como "poupança flex" ou "poupança ouro".
Lógica perversa
Um dia depois de Dilma Rousseff acusar a "lógica perversa" do setor financeiro em pronunciamento de rádio e TV, o ministro Gilberto Carvalho (Secretaria-Geral) afirmou que o governo não declarou guerra ao sistema financeiro.
"Não se trata de guerra. Se trata de convencer o sistema financeiro de que cada um tem que dar a sua cota para que o Brasil sobreviva num momento de crise", afirmou nesta terça (1º), após participar das duas festas de Primeiro de Maio organizadas pelas principais centrais sindicais em São Paulo.
"Não tem guerra. Tem é um convencimento, a partir do exemplo dos bancos estatais, para que o juro caia em todo o mercado", acrescentou. O ministro reforçou que o governo espera que os bancos acelerem a redução das taxas ao consumidor e às empresas para que o Brasil "deixe de ser o país que cobra os juros mais altos do mundo".
Ele afirmou que o discurso demonstrou "o empenho e a determinação da presidente em reduzir o custo do financiamento da produção". "Era fundamental que ela fizesse um pronunciamento para deixar clara a posição do governo”.
Segundo Carvalho, o governo busca impulsionar o crescimento via crédito. "Se trata de uma indução para que a economia cresça, o crédito seja barato e o país continue a rodar nesta mesma intensidade", afirmou.
No pronunciamento desta segunda (30), Dilma usou a expressão "lógica perversa" para criticar os juros cobrados ao consumidor. Carvalho disse que a presidente se referia ao spread bancário, a diferença entre o custo de captação de recursos pelos bancos e o valor cobrado para emprestar ao consumidor.
Segundo dados do Banco Central, em março, o spread (ou diferença) chegou a 176 pontos percentuais nos juros cobrados no cheque especial. Em média, os bancos captaram recursos com taxa de juros próxima a 9% ao ano e emprestaram a 185% ao ano.
Centrais
A crítica de Dilma ao sistema financeiro privado ganhou respaldo e elogios de sindicalistas durante as festas do Dia do Trabalhador. Os dirigentes das centrais sindicais vão se reunir nesta quinta-feira (3) com a presidente para discutir os juros bancários.
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