Brasília, domingo, 27 de junho de 2010 - 23:55 | Atualizado em: 28 de junho de 2010
INCLUSÃO SOCIAL
Pobreza no País é 35% menor que estimado, revela estudo da POF
A Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) de 2008 e 2009, divulgada na última semana, reservou uma surpresa ao economista Marcelo Neri, um dos maiores especialistas da área social no Brasil:
- o País tem 10,6 milhões de pobres a menos do que constava nas suas últimas estimativas, baseadas no resultado da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) de 2008.
A diferença entre as duas pesquisas deve-se basicamente à inclusão, na POF, da economia de subsistência, a chamada "renda não monetária".
A diferença é muito grande, e significa que a pobreza no Brasil é 35% menor do que se pensava. Em vez de 29,8 milhões, resultado extraído da Pnad, são 19,9 milhões, a partir da POF.
Neri, que chefia o Centro de Políticas Sociais (CPS), da Fundação Getúlio Vargas (FGV), no RJ, observa que a comparação mais correta é do número da Pnad ajustado pela estimativa da população da POF, o que o leva para 30,5 milhões - ou 10,6 milhões a mais que os 19,9 milhões revelados pela POF.
"Isso significa uma diferença muito importante no custo de se acabar com a pobreza - ele cai aproximadamente pela metade", diz Neri.
Na verdade, transferências perfeitamente focalizadas de R$ 11,2 bilhões por ano (um pouco menos do que o gasto com o Bolsa-Família) seriam capazes de acabar com a pobreza retratada pela POF.
No caso do número de pobres que sai da Pnad 2008, aquele custo sobe para R$ 21,8 bilhões.
A linha de pobreza utilizada pelo pesquisador foi criada pelo Centro de Políticas Sociais, e equivale a uma média de R$ 140 de renda familiar per capita em janeiro de 2009. O valor varia de região para região do País, de acordo com o custo de vida.
Essa linha de pobreza, na verdade, é relativamente baixa e, por vezes, os que estão abaixo dela são considerados miseráveis. Neri ressalva, entretanto, que, como linha de indigência, seria um pouco alta.
A razão principal para a diferença entre o número de pobres nas duas pesquisas é o registro que a POF faz da economia de subsistência, ou "economia primitiva", como se refere Neri.
Basicamente, trata-se do consumo que não passa pelo mercado e consiste primordialmente na agricultura de subsistência.
Últimas notícias
PL prevê volta da assistência sindical na homologação de demissões
10/6 - 10:7 |
Prazo para inscrição no Enem 2025 é prorrogado até sexta-feira (13)
6/6 - 15:22 |
SAEP convoca filiados para Assembleia de eleição dos delegados que irão para o 11º Conatee
5/6 - 17:53 |
SAEP apoia greve dos professores da rede pública; docente mal remunerado é descompromisso com educação de qualidade
3/6 - 18:24 |
Racismo: discriminação na UCB reacende debate, que sempre volta porque não é enfrentado como problema de Estado
Notícias relacionadas
A ilusão da “pejotização” impulsionada ao custo da CLT “memerizada”
9/3 - 1:30 |
8 de março: Pequim 30 anos depois
10/2 - 10:32 |
A Lei da Ficha Limpa ficou “suja”?!
2/1 - 8:36 |
Realidade x esquizofrenia da imprensa e analistas de mercado
12/12 - 13:53 |
Direitos Humanos: compromisso de todos