DF é líder em cesarianas

Brasília-DF, quarta-feira, 18 de junho de 2025


Brasília, segunda-feira, 8 de junho de 2009 - 18:0

SAÚDE PÚBLICA

DF é líder em cesarianas


Fonte: Jornal de Brasília

arquivo

Nascer no Brasil vem deixando de ser um ato natural. No País que é campeão mundial em partos cirúrgicos, pelo menos 31% dos bebês nascem via cesária.

O Distrito Federal está entre os líderes nacionais de um ranking que preocupa a Organização Mundial da Saúde (OMS).

Nos hospitais públicos da capital, 38% dos nascimentos são por cesariana. Nas instituições particulares, o índice ultrapassa os 90%.

Os motivos apontados por obstetras, enfermeiros e pelas próprias pacientes para explicar a quantidade elevada de cesarianas são os mais variados.

Para uns, o fator sociocultural e o poder aquisitivo são determinantes.

Para outros, os médicos indicam a cesariana por ser mais cômodo, lucrativo e rápido, já que o procedimento pode ser feito em 30 minutos, na maioria das vezes, com a vantagem de ser agendado.

Tem ainda os que consideram que as mulheres têm o direito de dar à luz sem sentir dor e que esse argumento tem sido muito usado pelos obstetras.

E assim, o aumento de partos cirúrgicos vem sendo registrado desde a década de 1990.

Pesquisa da Fiocruz
A Organização Mundial de Saúde (OMS) considera que o índice aceitável de cesarianas seja de 10% a 15% ao ano em cada país.

Um estudo conduzido pela Escola Nacional de Saúde Pública (Ensp) da Fiocruz, em 2008, revelou que embora 70% das gestantes não tenham manifestado preferência pela cesariana no início da gravidez, 90% delas tiveram esse tipo de parto.

A justificativa para a mudança incluiu complicações como hipertensão e peso do feto.

O Coordenador de Ginecologia e Obstetrícia da Secretaria de Saúde do DF, Avelar de Holanda Barbosa, observa que o número de cesarianas em toda a rede é alto e preocupante.

Segundo ele, de 75% a 80% da assistência em saúde do DF é pública, fato que deveria favorecer o aumento de partos normais, já que o Ministério da Saúde aconselha diminuir as cesarianas nos hospitais do Sistema Único de Saúde.

Críticas
Para Avelar, embora o parto normal possa ser considerado mais um acompanhamento do que um atendimento, os obstetras que atendem nos hospitais da Secretaria de Saúde não têm preparo nem disposição para fazê-lo.

"Eles consideram a cesariana mais segura e cômoda, pois não é necessário permanecer com a gestante no trabalho de parto, que pode durar muitas horas. Nossos hospitais ainda são completamente desumanizados, sem estrutura."

E completa: "Hoje, a insegurança, a comodidade e a prepotência imperam entre nossos médicos. Eles se julgam deuses", lamenta o especialista.

O presidente do Sindicato dos Médicos do DF, Guthemberg Fialho, rebate as críticas do coordenador.

Para ele, o Ministério da Saúde preconiza o parto normal por razões econômicas em detrimento do bem estar da mulher.

"Sou a favor do parto espontâneo, que pode acontecer mesmo sem a intervenção dos médicos. Nem sempre o parto normal é assim, e constantemente ocorre de ser induzido por medicamentos."

O presidente analisa, ainda, que "a cesariana é mais cara para os cofres públicos e nossos médicos são pressionados a evitá-la. O que muitos não lembram é que trabalham em condições precárias e precisam pensar na segurança da mãe e do bebê".









Últimas notícias

Notícias relacionadas



REDES SOCIAIS
Facebook Instagram

Sindicato dos Auxiliares de Administração Escolar em Estabelecimentos Particulares de Ensino no Distrito Federal

SCS Quadra 1, Bloco K, Edifício Denasa, Sala 1304,
Brasília-DF, CEP 71398-900 Telefone (61) 3034-8685
recp.saepdf@gmail.com