Brasília, segunda-feira, 8 de junho de 2009 - 18:0
SAÚDE PÚBLICA
DF é líder em cesarianas
Fonte: Jornal de Brasília

Nascer no Brasil vem deixando de ser um ato natural. No País que é campeão mundial em partos cirúrgicos, pelo menos 31% dos bebês nascem via cesária.
O Distrito Federal está entre os líderes nacionais de um ranking que preocupa a Organização Mundial da Saúde (OMS).
Nos hospitais públicos da capital, 38% dos nascimentos são por cesariana. Nas instituições particulares, o índice ultrapassa os 90%.
Os motivos apontados por obstetras, enfermeiros e pelas próprias pacientes para explicar a quantidade elevada de cesarianas são os mais variados.
Para uns, o fator sociocultural e o poder aquisitivo são determinantes.
Para outros, os médicos indicam a cesariana por ser mais cômodo, lucrativo e rápido, já que o procedimento pode ser feito em 30 minutos, na maioria das vezes, com a vantagem de ser agendado.
Tem ainda os que consideram que as mulheres têm o direito de dar à luz sem sentir dor e que esse argumento tem sido muito usado pelos obstetras.
E assim, o aumento de partos cirúrgicos vem sendo registrado desde a década de 1990.
Pesquisa da Fiocruz
A Organização Mundial de Saúde (OMS) considera que o índice aceitável de cesarianas seja de 10% a 15% ao ano em cada país.
Um estudo conduzido pela Escola Nacional de Saúde Pública (Ensp) da Fiocruz, em 2008, revelou que embora 70% das gestantes não tenham manifestado preferência pela cesariana no início da gravidez, 90% delas tiveram esse tipo de parto.
A justificativa para a mudança incluiu complicações como hipertensão e peso do feto.
O Coordenador de Ginecologia e Obstetrícia da Secretaria de Saúde do DF, Avelar de Holanda Barbosa, observa que o número de cesarianas em toda a rede é alto e preocupante.
Segundo ele, de 75% a 80% da assistência em saúde do DF é pública, fato que deveria favorecer o aumento de partos normais, já que o Ministério da Saúde aconselha diminuir as cesarianas nos hospitais do Sistema Único de Saúde.
Críticas
Para Avelar, embora o parto normal possa ser considerado mais um acompanhamento do que um atendimento, os obstetras que atendem nos hospitais da Secretaria de Saúde não têm preparo nem disposição para fazê-lo.
"Eles consideram a cesariana mais segura e cômoda, pois não é necessário permanecer com a gestante no trabalho de parto, que pode durar muitas horas. Nossos hospitais ainda são completamente desumanizados, sem estrutura."
E completa: "Hoje, a insegurança, a comodidade e a prepotência imperam entre nossos médicos. Eles se julgam deuses", lamenta o especialista.
O presidente do Sindicato dos Médicos do DF, Guthemberg Fialho, rebate as críticas do coordenador.
Para ele, o Ministério da Saúde preconiza o parto normal por razões econômicas em detrimento do bem estar da mulher.
"Sou a favor do parto espontâneo, que pode acontecer mesmo sem a intervenção dos médicos. Nem sempre o parto normal é assim, e constantemente ocorre de ser induzido por medicamentos."
O presidente analisa, ainda, que "a cesariana é mais cara para os cofres públicos e nossos médicos são pressionados a evitá-la. O que muitos não lembram é que trabalham em condições precárias e precisam pensar na segurança da mãe e do bebê".
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