A média se refere às denúncias recebidas pelo Disque 100 nos dois primeiros meses deste ano.

A filha de uma mulher que pediu para não ser identificada está grávida de cinco meses. Há poucos dias, a menina confessou: no aniversário de 14 anos, em julho do ano passado, foi abusada pelo pai. Os abusos continuaram e ele acabou engravidando a filha.

"Quando ele queria abusar dela, ia pra cama dela. A madrasta dela saia e ele ia para o quarto dela. Vou denunciá-lo e quero que ele seja preso. Isso não pode ficar assim. Ele não é um pai. É um monstro", diz a mãe da vítima.

Nos primeiros dois meses deste ano, o Disque 100 do governo federal recebeu 120 denúncias de crimes contra crianças e adolescentes no DF, uma média de duas por dia. No mesmo período do ano passado foram 134 casos.

Apesar da redução, o Distrito Federal continua tendo o maior número de denúncias do país, comparado à população. A principal é a negligência que inclui o abandono da criança.

Para a delegada de Proteção à Criança e ao Adolescente, os números refletem a confiança na punição dos culpados. A delegacia pede a prisão preventiva dos agressores, nos casos em que a vítima está sob ameaça. "As prisões têm sido concedidas e os relatórios que nós fazemos - que são as entrevistas das crianças - têm uma aceitação muito boa no Judiciário", conta Alessandra Figueiredo.

Para o Ministério da Justiça, pode ser que na capital federal as pessoas sejam mais conscientes do que é crime, mas a quantidade de denúncias significa que a violência ainda é muito grave.

"Nós sabemos que isso significa maior sensibilidade da população, mas também sabemos que o número deve ser muito alto. A população tem conhecimento e denuncia. São relatos de negligência, violência psicológica, física e sexual", revela a coordenadora do Programa Nacional de Combate à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes, Leila Paiva.

No ano passado, 863 denúncias do DF chegaram ao Disque 100. Nos últimos seis anos foram 2,2 mil casos. Em relação às denúncias de exploração sexual comparadas ao número de habitantes, o DF está em 15º lugar no país. As meninas sofrem mais: são 62% das vítimas.

Serviço:
Para denunciar basta discar 100. A ligação é gratuita e a denúncia pode ser anônima.